O ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) tem 67% de intenções de voto e lidera com larga vantagem a disputa pelo governo da Bahia. A constatação é apontada pelos resultados da nova rodada da pesquisa da consultoria Quaest no estado, divulgada nesta quarta-feira 18.
Bem distantes do primeiro colocado estão Jerônimo Rodrigues (PT), com 6%, e João Roma (PL), com 5%. O resultado deixa o petista e o bolsonarista tecnicamente empatados na disputa. O levantamento monitorou ainda o desempenho de Kleber Rosa (PSOL) e de Giovanni Damico (PCB). O pessolista marcou 1% e o comunista não pontuou.
Em um segundo cenário, sem a presença de Roma, ACM Neto consegue chegar a 70% da preferência do eleitorado. Neste caso, Rodrigues se manteria em segundo lugar, com 8% das intenções de voto. Rosa iria a 2%.
ACM pode vencer no primeiro turno?
De acordo com Felipe Nunes, cientista político e diretor da Quaest, apesar da larga vantagem mantida por ACM na disputa, o resultado estaria longe de apontar vitória ‘fácil e antecipada’ do ex-prefeito. Isso porque, conforme mostra a pesquisa, os eleitores ainda não estariam 100% decididos em sua escolha.
“A vantagem expressiva de ACM está longe de apontar para uma vitória fácil e antecipada. Para 52% dos entrevistados, a escolha de voto para governador não é definitiva”, destaca Nunes. “Entre os eleitores de ACM Neto, 51% dizem que ainda podem mudar seu voto”, completa o pesquisador.
Pesa ainda contra ACM Neto o alto grau de desconhecimento do candidato petista. Ao todo, 74% dos eleitores dizem não conhecer Jerônimo Rodrigues, apadrinhado de Lula (PT) na disputa na Bahia. A associação com o ex-presidente pode ainda render bons frutos ao pré-candidato petista.
“Outro indicador de que a eleição não está resolvida é a preferência do eleitor baiano pela vitória de um candidato mais ligado a Lula (53%). Apenas 29% preferem a vitória de um candidato nem-um-nem-outro, o que parece ser o posicionamento adotado por ACM até aqui”, destaca Nunes.
O cientista político também classifica Lula como ‘principal padrinho político no estado’, já que seu apoio pode mudar o voto de quase 50% dos eleitores da Bahia. Em favor de Rodrigues, pesa ainda a importância do apadrinhamento de Rui Costa e Jaques Wagner, que influenciam, segundo o levantamento, 31% e 23% dos eleitores, respectivamente.
“A entrada de Lula como apoiador de Jerônimo muda significativamente o quadro eleitoral no Estado. Sem os apoios, ACM Neto vence Jerônimo de 67% x 6%. Com o apoio, a distância diminui significativamente, ACM vai a 47% e Jerônimo chega a 34%”, registra Nunes em sua análise dos resultados.
O que explica a vantagem de ACM Neto
Ainda segundo Nunes, a explicação para a vantagem de ACM Neto na disputa pelo governo da Bahia estaria centrada em três principais fatores: sua baixa rejeição no estado; seu bom potencial de voto; e a conquista de votos em todos os espectros políticos.
“ACM Neto consegue a proeza de ter 70% dos votos entre os eleitores de Lula e 69% dos votos entre os eleitores de Bolsonaro. Jerônimo, o candidato do PT, tem 9% do voto de Lula; Roma, o candidato de Bolsonaro, leva 19% do voto do ex-capitão”, resume o pesquisador.
Como se vê, além dos votos de eleitores petistas e bolsonaristas, ACM ainda é quem mais emplaca nos eleitores da terceira via, conquistando altos percentuais do eleitorado de Ciro Gomes (PDT) e de André Janones (Avante).
Outro ponto favorável a ACM Neto é sua baixa rejeição, apenas 19% dos eleitores baianos dizem não votar no ex-prefeito em nenhuma hipótese. O potencial de votos também é o maior entre os pré-candidatos: 38% de indicações ‘conhece e votaria’ e 33% de indicações ‘conhece e poderia votar’. Só 7% dos eleitores não sabem quem é ACM Neto.
“Lula pode fazer a diferença sim, mas é bom não ignorar a força de ACM. Ele conseguiu aumentar a distância para Jerônimo mesmo com o apoio de Lula ao ex-secretário de Educação de Rui Costa e conseguiu, ainda, diminuir sua rejeição, de 22% para 19%”, registra Nunes em sua análise.
11/ Lula pode fazer a diferença sim, mas é bom não ignorar a força de ACM. Ele conseguiu aumentar a distância para Jerônimo mesmo com o apoio de Lula ao ex-secretário de educação de Rui Costa (gráfico anterior) e conseguiu, ainda, diminuir sua rejeição (22% para 19%). pic.twitter.com/3VHNPLVLsr
— Felipe Nunes, PhD (@felipnunes) May 18, 2022
Para chegar aos resultados, a Quaest entrevistou 1.140 eleitores na Bahia entre os dias 13 e 16 de maio. A margem de erro da pesquisa é de 2,9 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
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