Política

PT pede na Justiça que fala de Bolsonaro sobre fraude eleitoral seja investigada

Parlamentares apontam crime de responsabilidade de Bolsonaro caso declarações sejam mentirosas

Presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann assina representações contra Bolsonaro. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

Parlamentares do PT entraram com ações na Justiça, nesta terça-feira 10, em que pedem investigações sobre as acusações do presidente Jair Bolsonaro de que houve fraude nas eleições de 2018.

Assinam as representações o senador Rogério Carvalho (PT-SE) e os deputados Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Ênio Verri (PT-PR). Uma delas foi movida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e argumenta que o questionamento do presidente da República sobre a lisura das eleições diz respeito, diretamente, à competência da Justiça Eleitoral.

“Não se pode admitir, ou sequer pressupor, que se trata de simples e direta leviandade promovida pelo presidente da República, porque isso atenta contra a própria instituição da Justiça Eleitoral e a democracia”, diz a representação.

Os parlamentares dizem ainda que, caso contrário, a conduta de Bolsonaro pode ser passível de responsabilização por se tratar de “conhecida tática política fascista” por meio da “manipulação do medo coletivo, resultante de uma mentira difusa e sem nenhum lastro fático”.

No documento ao TSE, os parlamentares reivindicam a instauração de processo administrativo para apurar os fatos relatados por Bolsonaro e, se verificada a improcedência, que a Corte “tome as ações necessárias para eventual responsabilização por crime de responsabilidade”.

Outra representação foi dirigida à Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Augusto Aras. No texto, os parlamentares argumentam que, ao se falar em fraude no processo eleitoral, “está-se a suscitar uma prática no Brasil que, em tese, configura crime”.

Eles também questionam que, 15 meses após a conclusão do processo eleitoral de 2018, com todos os mecanismos de acompanhamento à disposição, somente agora o candidato eleito coloque em dúvida a lisura do pleito.

“Por que não adotou tempestivamente os mecanismos legais de impugnação? Ou até mesmo uma fala à imprensa, naquele momento?”, indagam os petistas.

Na ação, os opositores pedem a instauração de inquérito policial dos fatos apontados por Bolsonaro e solicitam que o presidente da República apresente provas que afirma possuir. O ex-ministro Gustavo Bebianno também é citado para que seja alvo de oitiva, por ter comandado a campanha eleitoral de Bolsonaro.

Acatadas, as representações podem abrir brechas para um processo de impeachment contra o presidente.

Na segunda-feira 9, Bolsonaro sustentou que as eleições de 2018 foram fraudadas e que sua candidatura foi vitoriosa já no 1º turno. A declaração ocorreu em Miami, nos Estados Unidos. No dia seguinte, ele reforçou sua acusação e disse que brasileiros não confiam no sistema eleitoral.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo