Política
PT cobra punição a Bolsonaro e ‘cúmplices civis e militares’ após descobertas da PF
O partido avalia que as prisões desta terça são um passo importante para responsabilizar os arquitetos do 8 de Janeiro


A Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores pediu nesta terça-feira 19 punição a todos os envolvidos no suposto plano de 2022 para assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
As conclusões da Polícia Federal na investigação que levou à Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça, apontam diretamente para o Palácio do Planalto comandado por Jair Bolsonaro (PL), segundo o PT. O ex-presidente seria, na avaliação do partido, o “maior interessado na conspiração golpista para impedir a posse do eleito e instaurar sua ditadura”.
A PF prendeu quatro militares do Exército ligados às forças especiais, os chamados “kids pretos”: o general Mário Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira. Outro detido é o policial federal Wladimir Matos Soares.
Mário Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência sob o governo Bolsonaro.
Os militares presos nesta terça projetavam a criação de um “gabinete de crise” após executarem Lula, Alckmin e Moraes. O comando do grupo ficaria a cargo do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o general da reserva Augusto Heleno, e de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.
Em comunicado, o PT afirma que as prisões desta terça são um passo importante para responsabilizar os arquitetos dos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.
“A contenção do golpismo e do terrorismo da extrema-direita, no entanto, exige que todos os envolvidos sejam processados e punidos pedagogicamente, a começar pelo chefe e seus cúmplices mais poderosos, civis e militares“, sustenta a legenda. “É a impunidade dos chefes, a desfaçatez com que se apresentam em público, nas redes sociais e até na mídia, o mais potente incentivo à ação criminosa de indivíduos ou grupos extremistas espalhados pelo País.”
A cúpula petista ainda argumenta não haver bolsonarismo moderado e alega que a face exposta pela investigação da PF é a única a caracterizar o ex-presidente.
“A democracia precisa contê-los para não sucumbir, o que requer, para além da ação da Justiça, uma vigilância efetiva e legalmente constituída sobre as ações da extrema direita golpista nas redes sociais e em grupos organizados de orientação fascista e antidemocrática”, conclui o PT.
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