Política

PSOL vai ao STF contra emendas parlamentares impositivas

Somente em 2024, o governo federal tem a obrigação de quitar em torno de 33 bilhões de reais em emendas

PSOL vai ao STF contra emendas parlamentares impositivas
PSOL vai ao STF contra emendas parlamentares impositivas
Sessão plenária do STF. Foto: Andressa Anholete/SCO/STF
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Na esteira da discussão sobre o domínio do Congresso de uma fatia considerável do Orçamento, o PSOL pediu que o Supremo Tribunal Federal derrube trechos de projetos que obrigam o Poder Executivo a pagar emendas apresentadas por parlamentares e pelas bancadas estaduais.

A ação, apresentada nesta quinta-feira 8, também solicita que a Corte determine o bloqueio das emendas impositivas neste ano, exceto aquelas que já foram empenhadas, liquidadas e pagas. Somente em 2024, o governo federal tem a obrigação de quitar em torno de 33 bilhões de reais em emendas.

Na avaliação do partido, esse controle do Orçamento viola a separação dos Poderes e “determina um profundo desarranjo profundo no modelo de determinação orçamentária” previsto na Constituição, uma vez que confere ao Legislativo a primazia sobre a gestão e o poder de ordenar despesas.

O partido ainda diz que o caráter impositivo das emendas potencializam investimentos locais, de acordo com os interesses eleitorais dos parlamentares, em detrimento de investimento de alcance nacional e da melhoria de políticas públicas. A ação é assinada pelo advogado Walfride Warde.

“A captura do orçamento alcançou níveis recordes e, para 2024, a previsão é de que o volume de emendas corresponda a 20,03% do total de discricionárias e com ela todos os seus efeitos nocivos: dificulta o ajuste fiscal, o planejamento e execução de políticas públicas, o equilíbrio das contas públicas e, até mesmo, o desempenho da economia no longo prazo”, sustenta o PSOL.

Os dispositivos questionados pela legenda estão em propostas aprovadas no Congresso em 2015. As matérias obrigam o Executivo a pagar parte das emendas apresentadas pelos parlamentares, até o limite de 2% da Receita Corrente Líquida (individuais) e 1% (bancada).

Nos últimos dias, decisões do Supremo têm impactado diretamente o poder do Legislativo sobre nacos do Orçamento em razão da falta de transparência e controle na aplicação dos recursos públicos.

Mais cedo, o ministro Flávio Dino manteve suspenso o pagamento das emendas Pix, modalidade aprovada pelo Congresso em 2019 na qual o dinheiro público é enviado por parlamentares a seus redutos eleitorais sem necessidade de passar pelos ministérios.

O magistrado abriu uma exceção apenas para transferências que atendem a requisitos de transparência e de rastreabilidade dos valores. Também há permissão no caso de repasses para obras em andamento e atendimento de situações de calamidade pública, desde que seja adotado um sistema de transparência.

“Somente o reforço da transparência e da rastreabilidade pode resolver essa problemática, inclusive à vista desse novo tipo de função parlamentar: a de ordenador de despesas“, escreveu Dino ao acolher parcialmente um pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Na semana passada, o ministro havia determinado que o envio dessas emendas seguisse regras de transparência e rastreabilidade, além de fixar critérios para o seu pagamento. O magistrado também pediu à Controladoria-Geral da União um pente-fino nos repasses feitos nos últimos anos.

O entendimento do magistrado é que a falta de controle sobre a aplicação dos recursos via emendas Pix ou emendas de comissão (enviadas pelos presidentes das comissões temáticas) repete o problema das emendas de relator, que ficaram conhecidas como Orçamento Secreto e foram utilizadas pelo governo Jair Bolsonaro (PL) em troca de apoio no Congresso.

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