A popularidade de Lula e do governo caiu para os menores níveis, informa uma pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira 6. Uma das causas foi o mau humor dos evangélicos. O levantamento foi feito entre 25 e 27 de fevereiro, dias em que, por acaso, a oposição levava adiante uma ofensiva política (pedido de CPI, por exemplo) e online de apelo moral-religioso, tendo em cena a Ilha de Marajó, no Pará, lar de 590 mil brasileiros e abrigo de três das dez cidades brasileiras com o pior Índice de Desenvolvimento Humano. Em 15 de fevereiro, uma cantora gospel paraense, Aymeê, de 28 anos, havia se apresentado em um reality show na web com uma música sobre mazelas da ilha e comentado no palco: “Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por 5 reais”. Seis dias depois, “Ilha de Marajó” era o assunto mais buscado no Google.
Abuso e exploração sexual de menores na ilha são um problema real. Há dez anos, uma CPI comandada por uma deputada federal petista, Erika Kokay, de Brasília, esmiuçava a situação e, entre outras coisas, recomendava à então Secretaria de Direitos Humanos da Presidência o reforço dos conselhos tutelares no Pará. Em maio de 2023, o hoje Ministério dos Direitos Humanos despachou uma comitiva para a ilha e anotou em um relatório: “A erradicação do abuso e da exploração sexual contra crianças e adolescentes é prioridade absoluta da atual gestão do governo federal. Considerando a gravidade da situação de Marajó, este é um território prioritário para o seu enfrentamento”.
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