Educação
Professora é algemada por filmar abordagem policial dentro de escola
Caso ganhou as redes sociais sob boatos de que ela teria sido denunciada por doutrinação


Uma professora da rede federal de ensino foi levada à delegacia e algemada depois de questionar uma abordagem policial dentro da sala de aula. O caso aconteceu no Instituto Federal de Goiás em Águas Lindas, a 203 quilômetros da capital.
Camila de Souza Marques Silva é coordenadora-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica e dá aulas de Sociologia no IFG. O caso ganhou as redes sociais sob boatos de que ela teria sido denunciada por doutrinação. Mas não foi o caso.
Segundo Isaias dos Santos, também dirigente no Sinasfe, o instituto estaria sendo alvo de ameaças e, após repercussão entre pais e alunos nas redes sociais, a Polícia Civil foi até a escola para averiguar o caso.
Os policiais entraram na sala onde ela dava aula para colher depoimentos de alunos. Camila, então, sacou o celular para filmar a ação. Os policiais se incomodaram e disseram que, caso ela continuasse gravando, teria que comparecer à delegacia e que o celular seria apreendido.
Camila foi arrolada como testemunha e levada até uma viatura descaracterizada junto a outros três alunos. Ao questionar o porquê de o carro não ser identificado, os policiais subiram o tom e a algemaram. “Tomaram o celular da minha mão, me algemaram com um bando de alunos vendo”, disse a professora em vídeo divulgado pelo sindicato. “Os caras eram truculentos pra caramba, gritaram, falaram que eu ia ser tratada como merecia”, completou.
Depois de algumas horas algemada e sem contato com advogados, Camila assinou um termo circunstanciado e foi liberada no início da tarde.
Procurada, a reitoria do Instituto Federal de Goiás afirmou em nota que a presença dos policiais está relacionada a uma investigação contra uma suposta articulação que faria um “grave atentado” no Câmpus Águas Lindas, e “que colocaria em risco a vida de estudantes e de servidores no decorrer desta semana”. Reforça também que está apurando os fatos relacionados à condução de integrantes da comunidade acadêmica à delegacia, seguida de liberação, e que tomará as providências cabíveis no âmbito da administração pública.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.