Política
Procuradores se dizem ‘ofendidos’ após Gilmar afirmar que se instalou em Curitiba um ‘esquadrão da morte’
Ministro declarou que força-tarefa da Lava Jato agiu ‘totalmente fora dos parâmetros legais’; ANPR pede que ele ‘respeite as normas’
A Associação Nacional dos Procuradores da República publicou nesta sexta-feira 12 uma nota para rebater a afirmação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de que se instalou em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato, um “esquadrão da morte”.
“Acho tudo isso lamentável, todos nós de alguma forma sofremos uma manipulação disso que operava em Curitiba. Acho que temos que fazer as correções devidas, tenho dito e enfatizado que Lula é digno de um julgamento justo”, declarou Gilmar ao UOL.
“Independentemente disso, temos que fazer consertos, reparos, para que isso não mais se repita, não se monte mais esse tipo de esquadrão da morte. Porque o que se instalou em Curitiba era um grupo de esquadrão da morte, totalmente fora dos parâmetros legais”, completou.
Em nota, a ANPR afirmou que “a comparação feita pelo magistrado ofende, além dos procuradores e procuradoras envolvidos na operação, os próprios colegas de Corte, além de magistrados de todas as instâncias do Judiciário brasileiro que, em diversos julgamentos ocorridos, validaram dezenas de ações penais promovidas”.
A associação ainda argumenta que “como integrante da mais alta Corte do país, o Ministro Gilmar Mendes deveria se portar em respeito às normas, à Constituição e visando preservar a imagem do Supremo Tribunal Federal, buscando o fortalecimento e não o enfraquecimento das instituições, essas sim, essenciais ao país”.
Mais críticas
Na entrevista ao UOL, concedida nesta sexta, o ministro Gilmar Mendes também relacionou a Lava Jato à ascensão de Jair Bolsonaro.
“Acho que a gente até pode dizer que Deus realmente seja brasileiro e esteja nos dando uma chance de fazer uma revisão, mas, eu já disse, o lavajatismo de alguma forma é pai e mãe do bolsonarismo”, declarou.
Segundo ele, a proximidade entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa em Curitiba representava “algo mais do que um relacionamento meramente profissional”.
“O que nós fizemos de errado para produzir esse grupelho totalitário de Curitiba? Como aplicamos o Direito para produzir essa coisa?”, questionou Gilmar.
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