Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista coletiva, fez cortesia com chapéu alheio. O procurador usou a prisão do tucano Beto Richa, ex-governador do Paraná e candidato ao Senado, para defender o caráter “apartidário” da força-tarefa da Lava Jato.
“Sempre foi uma investigação apartidária. Já tínhamos chegado a pessoas de diversos partidos, mas, infelizmente, o foro privilegiado é um obstáculo para as investigações”, afirmou, como se a detenção de Richa tivesse relação direta com as apurações da Lava Jato.
Nada mais equivocado. O tucano foi preso em decorrência de uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, ligado ao Ministério Público do Paraná.
Leia também: Preso, Richa pode ser alvo de núcleo duro de seu governo
Por coincidência, Richa foi alvo de duas operações na manhã desta terça-feira 11. A do Gaeco, batizada de “Rádio Patrulha”, apura o pagamento de propina e o direcionamento de licitações para empresas que participam do esquema. E levou o ex-governador à prisão temporária.
A 53ª fase da Lava Jato, exaltada por Santos Lima e executada pela Polícia Federal, previa apenas busca e apreensão no apartamento do tucano. O Ministério Público federal investiga o pagamento de propina ao ex-governador pela Odebrecht.
Em outras palavras: se dependesse do Ministério Público Federal e do juiz Sergio Moro, Richa estaria solto.