Privatização do Jardim Botânico preocupa cientistas: “Não é um parque”

Para pesquisadores paulistas, o patrimônio intelectual do Instituto de Botânica está sob risco de também ser repassado à iniciativa privada

(Foto: Governo do Estado de São Paulo)

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), quer conceder à iniciativa privada o Jardim Botânico, o Zoológico de São Paulo e o Zoo Safari. O pedido tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em regime de urgência.

Jardim e zoológicos custam aos cofres públicos quatro milhões de reais por ano. O objetivo da privatização, diz o governo, é repassar por 35 anos os custos com a modernização e reforma de equipamentos e áreas de exposição da fauna e da flora, além da manutenção das unidades de conservação e de pesquisa do espaço.

O Jardim Botânico, localizado na Zona Sul da capital paulista, tem 360.000 metros quadrados e abriga vegetação remanescente de Mata Atlântica e nascentes do histórico Riacho do Ipiranga. Naquele mesmo terreno fica o Instituto de Botânica, responsável por pesquisas científicas e que estaria dentro do pacote de concessão.

A ideia preocupa os cientistas paulistas. Segundo eles, o patrimônio intelectual da instituição fica sob risco de também ser repassado à iniciativa privada. Já o governo sustenta que a autonomia administrativa e a produção acadêmica e intelectual não sofrerão ingerência da empresa que arrematar o Jardim Botânico — a inspiração é o modelo do Parque Nacional de Iguaçu, no Paraná.

Em carta aberta, a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo argumenta que o Jardim Botânico não é um parque e sim “um espaço de preservação da biodiversidade botânica paulista, área de experimentação científica ambiental e visitação para fins educativos e contemplativos”.


(Foto: Governo do Estado de São Paulo)

Os pesquisadores também criticam os cortes no orçamento do IBT. Nos últimos nove anos, a verba repassada ao instituto pelo governo estadual caiu de cerca de 14 milhões para 4 milhões.

Na última terça-feira 4, o grupo apresentou aos deputados estaduais um projeto alternativo, que excluiu a estrutura física do Instituto de Botânica da área prevista no projeto do governo.

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