A Polícia Rodoviária Federal abriu, na semana passada, uma investigação interna para apurar um suposto desvio de função de um agente que declarou voto em Lula (PT). O mesmo rigor, no entanto, não foi adotado com policiais – que incluem integrantes da cúpula do alto comando da corporação – que abertamente declaram apoio a Jair Bolsonaro (PL).
O caso contra o lulista se trata de um processo interno aberto contra o policial Pedro Guimarães, que faz operações da PRF no Rio Grande do Sul. O pedido de investigação foi motivado por uma foto postada pelo agente nas redes sociais em que ele diz estar ‘fechado com Lula’. Ele aparece com a farda da corporação.
O processo foi iniciado no dia 13 de outubro e tem o prazo de dez dias para ser concluído. Enquanto isso, circulam nas redes sociais, abertamente, imagens de policiais rodoviários em campanha para Bolsonaro. Um deles é o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, que usou um evento oficial da corporação para proferir ataques ao ex-presidente Lula (assista a partir do minuto 41:23). Em outras publicações nas suas redes sociais, o agente costuma postar imagens e outros agradecimentos a Bolsonaro e aliados.
No trecho em que se refere a Lula, Vasques diz que fica ‘assustado’ com uma suposta defesa em relação à liberação das drogas e acusa o petista de não conhecer a realidade do País. Vale dizer, no entanto, que não há menção à liberação de drogas no plano de governo de Lula. As declarações públicas de Lula sobre o tema também mostram que o petista tem se posicionado contra a pauta. O exemplo mais recente disso é a carta do petista aos evangélicos em que ele afirma textualmente que, caso seja eleito, tem um compromisso de ‘manter os jovens longe das drogas’.
Outro caso emblemático é do coordenador-geral de Comunicação Institucional da PRF, Cristiano Vasconcellos da Silva, que também usa seus perfis nas redes sociais para compartilhar posts de apoio a Jair Bolsonaro. Diferente do que aconteceu com Guimarães, no entanto, nem Vasques, nem Vasconcellos se tornaram alvos de apuração interna por ‘desvio de função’.
O apoio de policiais rodoviários federais a Bolsonaro neste período eleitoral, vale dizer, não se restringe à cúpula da corporação. Há agentes que não ocupam cargos estratégicos que também fazem campanha aberta para o ex-capitão. Nas legendas das publicações é possível ver, inclusive, a mesma afirmação que Pedro Guimarães usou para apoiar Lula. Nestes casos, porém, não há qualquer registro de processos internos sendo conduzidos.
CartaCapital procurou a PRF, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação da instituição.
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