Política

Preso no DOPS, Lula foi liberado para ir ao enterro da mãe nos anos 80

Artigo 120 da Lei de Execução Penal garante permissão para sair em casos de “falecimento ou doença grave” de familiares

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Em abril de 1980, Luiz Inácio Lula da Silva passou 31 dias atrás das grades no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo, preso por liderar uma greve de metalúrgicos que partiu o país. Foi nessa época também que morreu Dona Lindu, sua mãe, vítima de um câncer. Os militares autorizaram o presidente a acompanhar o velório e o enterro.

Quase quarenta anos depois, aliados e familiares pressionam para que a Justiça o autorize a acompanhar o enterro de Vavá, seu irmão mais velho morto nesta quarta 29. A cerimônia está prevista para a manhã de quarta, em São Bernardo do Campo.

Lula e Marisa choram abraçados sobre o caixão de Dona Lindu (Foto: Ariovaldo Brasil/JB)

O artigo 120 da Lei de Execução Penal garante permissão para sair em casos de “falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”. O pedido deve ser encaminhado ao diretor do estabelecimento onde o preso cumpre pena.

Segundo reportagens do Jornal do Brasil da época, Lula chegou a cemitério de Vila Pauliceia escoltado por um delegado e um agente. Lá, foi recebido por cerca de 300 operários que gritavam ‘Lula é nosso líder, queremos Lula livre!’. Uma multidão acompanhou o cortejo

Ao menos em tese, não é a juíza Carolina Lebbos quem baterá o martelo nesse caso. Seu histórico de decisões em relação a Lula é desfavorável: ela já vetou, por exemplo, visita de governadores e também impediu que jornalistas o entrevistassem dentro da prisão. Em decisão mais recente, endureceu o regime de visitas do petista.

Leia também: Por que a petição para Lula ganhar o Nobel já tem 500 mil assinaturas?

Em dezembro, um pedido do petista para acompanhar o velório do amigo Sigmaringa Seixas foi vetado, sob o argumento de que a autorização só servia a familiares.

Naquela época, Lula processado e condenado com base na Lei de Segurança Nacional. Apesar de absolvido pelo Superior Tribunal Militar, ficou afastado da presidência do sindicato.

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