Política

Presidente do PMDB Sindical renuncia: “Não temos mais um governo”

Ao pedir também sua desfiliação do partido, Antonio Neto afirma sentir “vergonha” da postura de “uma pequena organização que tomou de assalto o poder”

Antonio Neto foi indicado por Temer à presidência do PMDB Sindical pouco antes do impeachment
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Nesta segunda-feira 3, Antonio Fernandes dos Santos Neto, presidente do PMDB Sindical e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), pediu sua renúncia do cargo e sua desfiliação do partido de Michel Temer. Em carta enviada ao senador Romero Jucá, presidente interino da legenda, Antonio Neto afirma sentir “vergonha e indignação” diante da “postura e da prática de uma pequena organização que tomou de assalto ao poder”.

“Não temos mais um governo. O Poder Executivo e parte do Legislativo foram transformados num bunker para evitar a queda daqueles que se especializaram em agir em benefício próprio”, escreve Antonio Neto a Jucá, ele próprio um dos integrantes da “pequena organização” em torno de Temer.

Antonio Neto foi indicado por Temer à presidência do PMDB Sindical pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff. Em meio ao afastamento da petista, o sindicalista foi crítico ao impedimento por considerar não haver crime de responsabilidade da ex-presidenta, mas não se opôs ao desembarque do PMDB do governo petista. 

Na carta a Jucá, Antonio Neto ataca o autoritarismo de Temer e as reformas da Previdência e trabalhista, que devastariam por completo “todo e qualquer direito dos trabalhadores”.”Digna de governos autoritários, diante da majoritária repulsa do povo brasileiro, o governo tenta aprovar tais medidas, expondo o Parlamento brasileiro a um vexatório papel de subscritor de deletérias alterações legislativas, que causarão sofrimento, fome, desregulamentação do mercado de trabalho e até mesmo o óbito político de muitos que seguirão cegamente o caminho do abismo”.

Segundo Antonio Neto, grande parte do movimento sindical e da sociedade “se abriu para o diálogo” quando Temer assumiu o poder com a promessa de pacificar o País. “Desde o princípio, tentamos construir uma proposta consensual que efetivamente promovesse alterações e modernizações saudáveis para o mercado de trabalho.” Em sua renúncia, o sindicalista afirma que o projeto de reformas joga o País no “caos social”.

“Tão logo esquentaram a cadeira, uma pequena corte palaciana, por interesses e conchavos impublicáveis, até mesmo por sobrevivência indulgente, passou a atuar como tropa de choque de uma casta improdutiva e estúpida, que quer impor a ao Brasil a ampliação da exploração do homem sobre o homem.”

Ao justificar sua renúncia, Antonio Neto afirma que a cúpula do partido “afronta o programa partidário”, “promove a destruição da Constituição de 1988” e “desrespeita e desmoraliza os poderes da República”.

Leia a Carta de renúncia:

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