Política

Presidente afastado da Ancine pede renúncia do cargo

Bolsonaro já sinalizou a intenção de nomear um evangélico ao cargo, que ‘cite 200 versículos bíblicos’

Afastado a pedido da Justiça, o presidente da Ancine renuncia ao cargo. Créditos: Ancine
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O presidente afastado da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Christian de Castro Oliveira pediu sua renúncia do cargo nesta quinta-feira 14. Oliveira foi retirado do cargo no dia 30 pelo presidente Jair Bolsonaro, que acatou uma decisão judicial da 5.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Segundo a Justiça, que aceitou argumentos do Ministério Público Federal (MPF), Oliveira e outras duas pessoas teriam entrado sistema da Ancine em 2017 e enviado informações sigilosas a um sócio dele. O MPF ainda afirma que esses dados foram usados para caluniar dois outros diretores da agência, Alex Braga Muniz e Débora Ivanov. As informações sobre acusações de desvio de recursos,  no entanto, seriam falsas, mas foram enviados à imprensa, diz a ação.

 

Em carta enviada ao presidente Bolsonaro e ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), responsável pela área de cultura do governo desde a semana passada, Oliveira diz que o afastamento é para cuidar de sua defesa e não prejudicar as atividades da agência.

“Infelizmente fui vencido pela reação daqueles a quem a transparência não interessa. Levo comigo apenas a frustração por não conseguir ter feito mais para promover o desenvolvimento do audiovisual brasileiro, que, por ser inclusivo em todos os níveis – social, de gênero e de raça -, é potente na criação de emprego e renda para o Brasil neste momento em que mais precisamos”, diz um trecho da carta.

Desde o afastamento de Oliveira, o cargo de presidência da Ancine é ocupado interinamente por Alex Braga Muniz. O presidente, Bolsonaro, por sua vez já sinalizou a intenção de nomear um presidente evangélico ao órgão. A declaração foi feita em entrevista à youtuber Antonia Fontenelle, em setembro.

 

Ele declarou que é preciso “tirar” dos órgãos públicos pessoas que “não aprovam” filmes com “temática do nosso lado”. “O tempo vai fazer a gente descontaminar esse ambiente para a boa cultura no Brasil”, emendou.

A pasta de cultura teve a nomeação recente do dramaturgo Roberto Alvim como secretário especial. Seguidor do escritor Olavo de Carvalho, ele causou discórdia entre colegas ao atacar nas redes sociais a atriz Fernanda Montenegro, chamada de “mentirosa” e “sórdida”. Alvim defende o engajamento de artistas conservadores em pautas do governo. Alvim entrou no lugar de Henrique Pires, que deixou o cargo após a suspensão de um edital voltado à temática LGBT.

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