Política

Prefeitura de SC pagou R$ 450 mil por show em que Zezé Di Camargo pediu anistia a golpistas

O contrato com a produtora do artista foi firmado sem competição em apresentação no Festival do Camarão, em Porto Belo

Prefeitura de SC pagou R$ 450 mil por show em que Zezé Di Camargo pediu anistia a golpistas
Prefeitura de SC pagou R$ 450 mil por show em que Zezé Di Camargo pediu anistia a golpistas
O cantor Zezé Di Camargo. Foto: Reprodução
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A prefeitura de Porto Belo (SC) desembolsou 450 mil reais para o show da dupla Zezé Di Camargo & Luciano durante o 10º Festival do Camarão, realizado na última segunda-feira 13. O valor consta do contrato firmado entre a Fundação Municipal de Turismo e a empresa Live Talentos Agenciamento, Produção e Publicidade Ltda., responsável pela dupla sertaneja.

O acordo ocorreu por inexigibilidade de licitação, ou seja, sem competição, o que permite a contratação direta de artistas quando há comprovada exclusividade de representação. O contrato prevê a apresentação de 110 minutos e inclui todas as despesas com impostos, hospedagem, transporte local, camarins e estrutura técnica exigida pelos músicos.

No show, Zezé Di Camargo ergueu uma camiseta com a mensagem “Anistia já para os presos do 8 de Janeiro”, em referência aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) condenados pelos atos golpistas de 2023. O gesto foi recebido com aplausos de parte do público e críticas de opositores, repercutindo amplamente nas redes sociais.


Segundo o contrato, o pagamento de 450 mil reais devia acontecer até três dias após a apresentação da nota fiscal. A prefeitura informou que os recursos foram destinados a partir de dotação orçamentária voltada a eventos turísticos.

Anistia x dosimetria

Enquanto a palavra “anistia” voltou ao centro do debate após o gesto de Zezé Di Camargo, o tema enfrenta impasse em Brasília. O chamado PL da Dosimetria, que propõe reduzir as penas dos golpistas, perdeu força na Câmara dos Deputados e encontra resistência no Senado.

A proposta, relatada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), está parada após semanas de negociações sem acordo entre as lideranças partidárias. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem evitado pautar o texto para votação, a fim de conter um novo desgaste como aquele provocado pela derrota da PEC da Blindagem.

Sem consenso, o debate se transformou em um dilema político para o PL. A sigla teme o custo de apoiar um projeto que ameniza as punições, mas não concede anistia total, bandeira central do bolsonarismo. Diante do impasse, o líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), articula um novo projeto que anule condenações, multas e inelegibilidades ligadas a atos antidemocráticos.

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