Política
Por um mundo sem Maluf
O discurso da realpolitik interessa aos políticos profissionais, mas não, necessariamente, à sociedade
Luiza Erundina é uma política digna e que sempre vai merecer a minha admiração. A decisão dela de continuar como vice de Haddad, apesar do apoio de Paulo Maluf, deve ser respeitada. Mas, repito: nenhuma vitória com Maluf, bandido procurado pela Interpol, sinônimo de atraso e corrupção, poderá ser considerada realmente digna.
Curiosamente, essa minha posição tem causado indignação em quem vê em Serra um demônio a ser derrotado, a qualquer custo. Não concordo. Maluf representava, no passado, exatamente o que Serra representa hoje. No futuro, portanto, farei a mesmíssima crítica caso um outro candidato progressista, atrás de um minuto de TV, aceite Serra como aliado para derrubar o demônio de plantão.
Quando a luta política se transforma num vale-tudo, corremos o risco de repetir os vícios e malandragens que criticamos em nossos adversários. Risco que se amplia quando adotamos, por adesão acrítica, esse discurso falsamente institucional da governabilidade, da política de alianças como um acessório inofensivo e, portanto, inatacável.
O discurso da realpolitik interessa aos políticos profissionais, mas não, necessariamente, à sociedade. Não podemos cair em um pesadelo orwelliano no qual sejamos levados a acreditar ser correto o cinismo dos que nos lideram, ao ponto de acharmos natural ora estarmos em guerra com a Eurásia, ora com a Lestásia. O mundo é o que fazemos dele, não o contrário.
Luiza Erundina é uma política digna e que sempre vai merecer a minha admiração. A decisão dela de continuar como vice de Haddad, apesar do apoio de Paulo Maluf, deve ser respeitada. Mas, repito: nenhuma vitória com Maluf, bandido procurado pela Interpol, sinônimo de atraso e corrupção, poderá ser considerada realmente digna.
Curiosamente, essa minha posição tem causado indignação em quem vê em Serra um demônio a ser derrotado, a qualquer custo. Não concordo. Maluf representava, no passado, exatamente o que Serra representa hoje. No futuro, portanto, farei a mesmíssima crítica caso um outro candidato progressista, atrás de um minuto de TV, aceite Serra como aliado para derrubar o demônio de plantão.
Quando a luta política se transforma num vale-tudo, corremos o risco de repetir os vícios e malandragens que criticamos em nossos adversários. Risco que se amplia quando adotamos, por adesão acrítica, esse discurso falsamente institucional da governabilidade, da política de alianças como um acessório inofensivo e, portanto, inatacável.
O discurso da realpolitik interessa aos políticos profissionais, mas não, necessariamente, à sociedade. Não podemos cair em um pesadelo orwelliano no qual sejamos levados a acreditar ser correto o cinismo dos que nos lideram, ao ponto de acharmos natural ora estarmos em guerra com a Eurásia, ora com a Lestásia. O mundo é o que fazemos dele, não o contrário.
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