Política

Por que Tabata sobe o tom contra Boulos às vésperas do 1º turno

Tema frequente em eleições, o ‘voto útil’ reaparece na capital paulista diante da resiliência das candidaturas de direita

Por que Tabata sobe o tom contra Boulos às vésperas do 1º turno
Por que Tabata sobe o tom contra Boulos às vésperas do 1º turno
Ricardo Nunes, Tabata Amaral, Guilherme Boulos e Pablo Marçal. Fotos: Lourival Ribeiro/Divulgação SBT e Rogerio Pallatta/Divulgação SBT
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A candidata à prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) subiu o tom contra a tentativa da militância de Guilherme Boulos (PSOL) de emplacar o chamado “voto útil” no primeiro turno. Segundo ela, trata-se de um ato de “desespero”.

O “voto útil” é uma estratégia pela qual um eleitor escolhe um candidato que não necessariamente seria a sua primeira opção, a fim de evitar um “mal maior”.

Os aliados de Boulos se baseiam no raciocínio de que a união progressista em torno dele impediria um segundo turno entre Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB).

Tabata, por sua vez, sustenta com base em pesquisas que Boulos não conseguiria vencer Nunes no segundo turno e ainda poderia perder para Marçal. Seria, portanto, um “voto inútil”, em sua avaliação.

Isso é desespero de Guilherme Boulos. Que voto útil é esse que coloca um candidato no segundo turno que perde?”, questionou a candidata, nesta quarta-feira 2, durante uma agenda no centro. “É o desespero de uma candidatura que está com 66 milhões de reais de dinheiro declarado de campanha e estagnou.”

Ao insistir na ofensiva, Tabata afirmou que Boulos não consegue dialogar com a população e que o trabalho de um prefeito difere de “levantar cartaz”.

As receitas da campanha de Boulos passam de 65,6 milhões de reais. Quase todo o dinheiro provêm do Fundo Eleitoral do PSOL (35 milhões) e do PT (30 milhões).

O PSB, por sua vez, repassou pouco mais de 14,2 milhões de reais à candidatura de Tabata. Não há partidos coligados a essa chapa.

O debate sobre o “voto útil” em São Paulo não é trivial, dado o equilíbrio da disputa às vésperas do primeiro turno. Uma pesquisa Real Time Big Data divulgada nesta quarta-feira aponta Boulos com 26% das intenções de voto, seguido por Nunes e Marçal, com 25% cada. Tabata surge com 11%, um índice que, apesar de não levá-la ao segundo turno, pode ser decisivo para os rumos do pleito.

A discussão ganhou força nas redes sociais nesta semana, a partir de um manifesto de artistas e intelectuais em prol do “voto útil” pró-Boulos, mas o tema já estava na agenda da militância há semanas.

Ciente do movimento, Tabata mudou de postura sobre o deputado federal nos últimos dias. No debate da Record TV, no sábado 28, ela questionou Boulos acerca de supostas mudanças de opinião ao longo dos anos (por exemplo, a respeito da Venezuela).

Já na última segunda, em um encontro promovido por Folha de S.Paulo e UOL, ela sugeriu que poderá haver “descontrole total” nas contas públicas caso o candidato do PSOL vença. Em ambos os casos, Boulos evitou o confronto e, no debate mais recente, disse que não responderia “a esse tipo de ataque”.

“Estamos do mesmo lado”, emendou Boulos a Tabata. “Acredito que você faz parte do campo progressista, do mesmo campo. Apesar das diferenças que a gente tenha, acredito que estamos do mesmo lado.”

Guilherme Boulos pisa em ovos em seu diálogo com Tabata por uma dinâmica que ultrapassa a eleição paulistana: ele é o candidato do presidente Lula (PT) e ela é a representante do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A se confirmar sua ida ao segundo turno, o postulante do PSOL espera ter o apoio da deputada, uma aliança que poderia se inviabilizar caso houvesse um apelo escancarado pelo “voto útil” neste momento.

CartaCapital procurou a assessoria de Boulos, que não se manifestou oficialmente sobre as declarações de Tabata. Integrantes da campanha também optaram por não se pronunciar até a última atualização deste texto. O espaço segue aberto.

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