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Na Argentina, Lula defende moeda comum do Mercosul ou do Brics
Segundo o petista, o cenário ideal envolve sempre fazer comércio sem depender do dólar


O presidente Lula (PT), em visita à Argentina nesta segunda-feira 23, defendeu o avanço das discussões para implementação de uma moeda comum no Mercosul. Em conversa com jornalistas ao lado de Alberto Fernandez, o brasileiro disse que, em sua visão, o cenário ideal para a região envolve promover o comércio sem depender das variações do dólar.
“Se dependesse de mim, a gente teria comércio exterior sempre na moeda de outros países, para não depender do dólar. Por que não criar moeda comum entre os países do Mercosul ou com os países do Brics?”, indagou Lula nesta segunda-feira.
Segundo o petista, a adoção da moeda comum, porém, não é tão simples quanto parece e depende, neste momento, de ‘muito estudo e discussão’. Apesar da dificuldade, ele acredita que a medida sairá do papel no futuro. “Não podemos, no século XXI, continuar fazendo o mesmo que se fazia no século XX. Que os ministros tenham inteligência, competência e sensatez nas nossas relações comerciais e financeiras.”
A moeda comum também foi defendida por Fernandez. Após ouvir Lula pregar a favor do tema, o argentino destacou a necessidade de se desligar da moeda norte-americana.
“É muito interessante essa reflexão que Lula fez”, iniciou. “Não sabemos como funcionaria uma moeda comum na Argentina ou no Brasil, nem mesmo na região, mas sabemos o que acontece com as economias nacionais tendo de funcionar com moedas estrangeiras e sabemos como isso é nocivo. Se não tivermos a coragem de mudar, vamos sofrer dos mesmos males.”
Ainda na conversa com jornalistas, os dois mandatários apontaram a possibilidade de o BNDES financiar novas obras no gasoduto argentino. “De vez em quando somos criticados por pura ignorância, porque acham que não pode haver financiamento para outros países. Eu acho que não só pode como é necessário que o Brasil ajude todos seus parceiros. É isso que vamos fazer dentro das possibilidades da nossa economia”, apontou Lula.
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