Política

Por meio de Loures, JBS prometeu 5% de negócio a Temer, diz Joesley

Em delação, empresário afirma que garantiu a homem de confiança de Temer o crédito de parte de lucro com termoelétrica ao presidente da República

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O anexo 9 da delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS, indica que ele prometeu a Michel Temer, enquanto este estava no cargo de presidente da República, 5% do lucro obtido por sua companhia na operação de uma usina termoelétrica em Cuiabá. A promessa teria sido feita por Joesley ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), apontado por Temer em conversa como homem de sua “estrita confiança”. O anexo foi divulgado em primeira mão pelo site O Antagonista.

Em 2014, Rocha Loures foi eleito deputado federal suplente, mas ganhou o cargo (e o foro privilegiado) em 7 de março, quando Temer alçou o então deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) ao cargo de ministro da Justiça.

No mesmo dia, Temer recebeu Joesley Batista no Palácio do Jaburu, para a conversa que foi gravada pelo empresário. No diálogo, Joesley pergunta a Temer quem deveria ser o novo interlocutor entre os dois, uma vez que o antigo, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), havia deixado o cargo em meio a um escândalo de corrupção. Temer indica “Rodrigo”, que seria de sua “mais estrita confiança”.

No anexo 9, em que detalha acusações contra Temer, Joesley conta que se reuniu com Rodrigo Rocha Loures em 16 de março e pediu a ele que intercedesse junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para “afastar o monopólio da Petrobras do fornecimento de gás para termelétrica do Grupo J&F [a holding da JBS]”. Loures teria, então, ligado para o presidente interino do Cade na frente de Joesley e pedido a intervenção.

Na sequência, afirmou Joesley aos investigadores, ele “expôs o lucro que esperava obter com o negócio sob apreciação do Cade e prometeu, caso a liminar fosse concedida, ‘abrir planilha’, creditando em favor de Temer 5% desse lucro”. De acordo com Joesley, “Rodrigo aceitou”. 

A relação de Loures com Temer foi revelada por CartaCapital no âmbito de outra investigação, referente à Operação Carne Fraca. Dois denunciados no esquema de corrupção montado por frigoríficos e fiscais agropecuários citaram em uma conversa o deputado, à época assessor especial de Temer no Palácio do Planalto, como braço direito do peemedebista. 

Na investigação da Lava Jato, Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo uma mala de dinheiro. Para continuar as negociações, afirmou o jornal O Globo, que divulgou o caso em primeira mão, foi marcado um novo encontro, eesta vez, entre Rocha Loures e Ricardo Saud, diretor da JBS e também delator.

Em um café em São Paulo, Loures e Saud combinaram, diz o jornal citando a investigação, o pagamento de 500 mil reais por semana ao longo de 20 anos, tempo em que vigoraria o contrato da termelétrica. Isso representa um total de 480 milhões de reais em propina. Ainda segundo O Globo, Loures disse que levaria a proposta de pagamento a alguém acima dele. Saud faz duas menções ao “presidente”, o que, pelo contexto, seria uma referência a Michel Temer.

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