Política

Polícia reprime ato contra Temer; Governo convoca tropas federais

PM revidou com violência tentativa de manifestantes de se aproximarem do Congresso. Governo convoca tropas federais.

Manifestante se protege de bombas na Esplanada dos Ministérios em Brasília
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A Polícia Militar do Distrito Federal reprimiu de forma violenta a marcha que reuniu centrais sindicais e movimentos sociais nesta quarta-feira 25 em Brasília. Os manifestantes pedem a saída do presidente Michel Temer e eleições diretas, além de serem contra as reformas trabalhista e da Previdência que tramitam atualmente no Congresso Nacional.

A PM ou o Corpo de Bombeiros ainda não confirmam números, mas há dezenas de feridos entre os manifestantes, principalmente atingidos por balas de borracha, e seis policiais feridos. De acordo com o portal UOL, há pelo menos um ferido grave, que perdeu parte da mão. Pelo menos quatro pessoas foram detidas pela polícia.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou que o presidente Michel Temer decretou a “ação de garantia da lei e da ordem” na Esplanada dos Ministérios e, com isso, tropas federais passarão a reforçar a segurança na região.

Jungmann fez um pronunciamento por volta das 16h30. “O senhor presidente decretou, por solicitação do senhor presidente da Câmara, a ação de garantia da lei e da ordem e, nesse instante, tropas federais se encontram nos palácios do Planalto e do Itamaraty e logo mais estarão chegando tropas para assegurar que os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes”, anunciou o ministro da Defesa.

Segundo o ministro, a manifestação era pacífica, mas “degringolou na violência, no vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio público e na ameaça às pessoas”.

Incêndio em Ministério

Imagens mostradas pelo canal a cabo GloboNews mostraram um incêndio dentro do prédio do Ministério da Agricultura. O fogo só foi extinto por volta das 16h. Segundo a emissora, todos os ministérios da Esplanada dos Ministérios foram evacuados e há danos também nos ministérios do Turismo, Fazenda, Planejamento e Minas e Energia. Há notícias ainda de uma invasão no Ministério da Cultura, onde manifestantes teriam roubado documentos e computadores e os jogado na rua, e de focos de incêndio no Ministério da Planejamento, já controlado. 

De acordo com a organização do ato, cerca de 800 ônibus com manifestantes de todo o Brasil chegaram a Brasília até a manhã de hoje e o ato se concentrou no Estádio Mané Garrincha. Por volta das 11h30 a passeata teve início com o objetivo de chegar ao Congresso e à Praça dos Três Poderes.

Um forte esquema de segurança, porém, impedia o avanço dos manifestantes, que forçaram a passagem já nas proximidades do Congresso, por volta das 13h30. Em retaliação, a polícia usou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para conter a multidão. Há forte divergência entre os números, uma vez que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal fala em 35 mil pessoas e os organizadores do evento falam em 150 mil.

marcha_Brasilia_004.jpg Secretaria de Segurança do DF fala em 25 mil manifestantes, mas organização do ato contabiliza 150 mil pessoas

Prédios da Esplanada dos Ministérios foram danificados durante o ato. Um manifestante com o rosto coberto pichou “Diretas Já” na fachada do prédio de Minas e Energia. No Ministério da Fazenda, vidros foram quebrados e os servidores, dispensados. Banheiros químicos e grades dispostas ao longo da via também foram derrubados.

Mesmo após dispersar boa parte do ato, por volta das 15h a Polícia continua jogando bomba contra os manifestantes nas vias S1 e N1, nos arredores da Esplanada dos Ministérios. Mesmo assim, novos grupos continuavam a chegar no gramado central da Esplanada.

Congresso Nacional

Parlamentares de partidos da oposição se juntaram à marcha por volta de 13h e subiram em um dos carros de som que cruzava a Esplanada dos Ministérios, mas disseram que só iam discursar quando estiverem na frente do Congresso. No momento de confronto, alguns deles – como os deputados Chico Alencar (Psol-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e os senador Paulo Paim (PT-RS) – sofreram os efeitos da forte repressão policial ao serem atingidos pelo gás lacrimogênio.

Dentro do Senado, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) anunciou em Plenário que vai formalizar pedido para que a Presidência do Senado solicite da Polícia Militar do Distrito Federal mais respeito no tratamento com os manifestantes. A senadora contou que estava em um carro de som no início desta tarde e presenciou o início dos confrontos entre pessoas presentes à manifestação e os policiais.

“Podíamos ver uns 50, 60 homens mascarados com paus na mãos. Eu falei do caminhão, pedi para que não usassem máscara porque ali só tinha pais e mães de família, só tinha trabalhadores”,  relatou a senadora. Vanessa acredita que essas pessoas foram infiltradas na manifestação para causar confusão e a polícia respondeu imediatamente de forma violenta.

Na Câmara, a sessão deliberativa do plenário foi suspensa e encerrada apósprotesto dos partidos de oposição ao governo que criticavam a ação da policial durante manifestação que ocorre na Esplanada dos Ministérios. Alguns líderes partidários ocuparam a mesa do plenário da Câmara gritando “Diretas Já, o povo quer votar”.

O líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a polícia agrediu inclusive parlamentares que participavam do protesto e pediu o fim da sessão do plenário. “A força bruta não pode substituir a democracia (….) Por isso, eu peço o encerramento da sessão”, declarou.

Na tribuna, o líder do DEM, Efraim Filho (PB), rebateu as críticas e disse que a polícia também foi agredida. Ele pediu que os parlamentares voltassem a trabalhar. Ao ocupar a mesa do plenário, os oposicionistas estenderam uma faixa com a frase “Fora Temer”. O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) arrancou a faixa das mãos dos deputados, o que provocou certo tumulto. Durante a confusão ouviu-se também no plenário gritos de “Lula na cadeia”, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente da sessão, deputado André Fufuca (PP-MA), tentou manter o andamento dos trabalhos, mas decidiu suspender e depois encerrar os trabalhos.

Com informações da Agência Brasil

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