Política
Polícia Federal indicia Lula por doações da Odebrecht a instituto
Relatório aponta repasse de 4 milhões; defesa do ex-presidente diz que relatório da PF ‘não faz nenhum sentido’
A Polícia Federal do estado do Paraná indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda Antônio Pallocci, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o empresário Marcelo Odebrecht. A informação foi revelada nesta quinta-feira 26, pelo jornal O Globo.
A suspeita é de que houve corrupção e lavagem de dinheiro em doações da Odebrecht ao Instituto Lula, entre dezembro de 2013 e março de 2014. Segundo a PF, os repasses alcançaram a faixa dos 4 milhões de reais. O inquérito teve início em 2015 e foi concluído na segunda-feira 23. O objetivo inicial era investigar palestras dadas por Lula e pagas por empreiteiras.
O relatório do inquérito tem 13o páginas e foi assinado pelo delegado Dante Pegoraro Lemos, da Superintendência Regional da Polícia Federal em Curitiba. A PF fiz que houve uma “conta-corrente informal de propinas” e acusa evidências de “origem ilícita” do dinheiro. Em troca das doações, a Odebrecht teria se beneficiado em negócios com a Petrobras.
“As evidências mostraram que os recursos transferidos pela Odebrecht sob a rubrica de ‘doações’ foram abatidos de uma espécie de conta-corrente informal de propinas mantida junto à construtora, da mesma forma ocorrida com aqueles destinados à aquisição do imóvel para o Instituto Lula. Surgem, então, robustos indícios da origem ilícita dos recursos e, via de consequência, da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, considerando o pagamento de vantagem indevida a agente público em razão do cargo por ele anteriormente ocupado”, diz o documento.
Em nota, a defesa de Lula criticou o indiciamento e acusou a Polícia Federal do Paraná de promover lawfare. Segundo os advogados, não houve contrapartida nas doações.
“O indiciamento é parte do lawfare promovido pela Lava Jato de Curitiba contra o ex-presidente Lula, e não faz nenhum sentido: as doações ao Instituto Lula foram formais, de origem identificada e sem qualquer contrapartida. À época das doações, Lula sequer era agente público e o beneficiário foi o Instituto Lula”, argumentou o advogado Cristiano Zanin Martins.
CartaCapital procurou o Instituto Lula, mas não obteve retorno. O inquérito agora vai para o Ministério Público Federal (MPF), que pode ou não oferecer denúncia criminal.
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