Política

Polícia apreende cavalos de ex-deputado bolsonarista avaliados em mais de R$ 1 milhão

Os animais foram encontrados em uma propriedade rural ligada a Valdevan Noventa (PL-SE), em São Paulo

Fotos: Divulgação/Polícia Civil
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A Polícia Civil de São Paulo apreendeu, na última quinta-feira 20, dois cavalos de raça avaliados em mais de 1 milhão de reais em uma propriedade rural ligada ao ex-deputado federal bolsonarista Valdevan Noventa (PL-SE). Os animais, segundo a corporação, estavam em Sorocaba, no interior do estado.

Em agosto, a polícia já havia apreendido mais de 40 cavalos em um haras na cidade de Arauá, em Sergipe, que seriam de propriedade do ex-parlamentar. As apreensões fazem parte da Operação Chapelier, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro, ocultação de bens e organização criminosa envolvendo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo.

A polícia pediu o sequestro judicial dos animais, que serão doados ao Esquadrão de Polícia Montada da Polícia Militar de Sergipe. Segundo o delegado Roberto Monteiro, responsável pela operação, alguns dos cavalos apreendidos não têm documentação e chegam a valer 1 milhão de reais.

“Na fase 1 da operação, apreendemos cavalos e fizemos buscas e apreensões. Esses cavalos valiosos estão depositados na Cavalaria da Polícia Militar de Sergipe. Estamos pedindo à Justiça de São Paulo que dê o perdimento definitivo desses animais para que possam incorporar o patrimônio da Polícia Militar de Sergipe. Na segunda fase, dois cavalos de raça de altíssimo custo foram apreendidos em Sorocaba”, informou.

De acordo com a investigação, pelo menos 17 pessoas integrariam o esquema criminoso e teriam movimentado cerca de 20 milhões de reais por ano por meio do desvio de subsídios pagos pela Prefeitura de São Paulo a empresas de ônibus. A diretoria do sindicato também é investigada por supostamente obrigar as empresas a contratar prestadores de serviço que repassariam propina à organização. Noventa é presidente licenciado do SindMotoristas e é acusado de enriquecimento ilícito.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), Noventa teve o mandato cassado em maio de 2020 pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe. Em março de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a decisão por unanimidade. O bolsonarista foi condenado por abuso de poder econômico, por captar recursos de forma irregular e sem origem identificada.

De acordo com a investigação da Justiça Eleitoral, integrantes da equipe de campanha teriam aliciado dezenas de moradores dos municípios de Estância e Arauá, no interior de Sergipe, para simular doações ao candidato. O perfil dos doadores seria incompatível com o valor doado, uma vez que vários deles seriam beneficiários do programa Bolsa Família e alguns confirmaram ter apenas emprestado o número do CPF para a operação financeira. Houve dezenas de doações no valor de 1.050 reais, em dias próximos e na mesma agência bancária.

Em junho deste ano, uma decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques restabeleceu o mandato de Novnenta. No mesmo mês, porém, a Segunda Turma da Corte confirmou a condenação do bolsonarista. Ele ainda chegou a registrar candidatura para concorrer mais uma vez ao cargo de deputado federal, mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa.

Procurado por CartaCapital para comentar o assunto, o ex-deputado alegou, por meio de sua assessoria, que a defesa ainda não teve acesso aos autos da investigação e que “respeita e se coloca à disposição das autoridades para quaisquer atos que se fizerem necessários ao inquérito policial”.

“O Sindmotoristas é um dos sindicatos mais atuantes e comprometidos com a classe trabalhadora. E no que tange a transparência, a entidade tem todas as suas contas aprovadas em assembleias e de modo unânime por toda a categoria, eventos que contam com ampla divulgação e cobertura da imprensa”, diz a nota.

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