Política

Plano do MBL é eleger Doria com apoio de PMDB, evangélicos e ruralistas, indica mensagem

Reportagem mostra que o grupo atua para desfigurar o PSDB e tirar apoio de caciques como Alckmin. “A ideia é deixar todo esse povo podre afundando”, diz líder

Renan Santos, Kim Kataguiri, o vereador Fernando Holiday e o vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, durante campanha em 2016
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O Movimento Brasil Livre (MBL) já tem seu plano traçado para a disputa eleitoral de 2018: levar o atual prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), para o Palácio do Planalto. A estratégia para o feito, indica troca de mensagens publicada nesta terça-feira 3 em reportagem da revista Piauí, é construir uma aliança entre PMDB, DEM, evangélicos e ruralistas – e eventualmente abandonar de vez o PSDB.

“Com ou sem PSDB. A aliança que pode lhe eleger [Doria] está no PMDB, DEM, evangélicos, agro e MBL. Nosso trabalho será o de unir essa turma em um projeto comum”, escreveu Renan Santos, um dos líderes do MBL, em um grupo de WhatsApp denominado MBL- Mercado, no dia 27 de agosto.

“Espero, de coração, que a tese que a gente defende (aliança entre setores modernos da economia + agro + evangélicos) seja aplicada. É a melhor forma de termos um pacto político de centro-direita, que a dialoga com o campo e com a classe C”, continuou Santos.

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A reportagem teve acesso ao histórico de conversas do grupo no período de 25 de julho a 27 de setembro. Criado por um “entusiasta do MBL”, o grupo de WhatsApp funciona como canal entre o movimento e executivos de médio e alto escalão do mercado financeiro. Com mais de 150 funcionários de empresas como Banco Safra e XP Investimentos, o objetivo inicial do grupo era levantar dinheiro para o movimento e levar pautas dos executivos para discussões internas.

Em meio à disputa travada nos bastidores do PSDB entre Doria e o governador Geraldo Alckmin (SP) pelo posto de candidato tucano à Presidência da República em 2018, “o partido é tratado como um território a ser pilhado pelo MBL”, diz a reportagem, antes de transcrever uma mensagem enviada por Kim Kataguiri, outro líder do movimento, no dia 22 de agosto: “A ideia é deixar todo esse povo podre afundando com o PSDB e trazer a galera mais jovem e liberal para o MBL”, escreveu.

No ninho tucano, os alvos preferidos do MBL são os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), bem como o próprio Alckmin. Em público, no entanto, os líderes do movimento adotam outro discurso.

Em troca de mensagens sobre Aécio no dia 5 de setembro, Santos escreveu que torce pela prisão do tucano, mas disse que é preciso ter cuidado para não favorecer o “ressurgimento” da esquerda: “Só não vamos alterar a configuração atual das forças políticas nem fornecer uma narrativa que favoreça o ressurgimento da esquerda enquanto isso. Essa é a tônica do que defendemos”.

Embora não faltem críticas aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, ao PT, ao PSOL e à Rede, críticas ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e ao apresentador de TV Luciano Huck, virtuais candidatos ao Planalto, aparecem com mais força. Enquanto Bolsonaro é chamado de “tosco”, “ignorante”, “sem noção” e “inadmissível”, Huck é visto como um perigo por sua eventual capacidade de “diluir o voto da direita”. “Huck é lixo. Politicamente correto, desarmamentista, ambientalista de boutique, intervencionista”, escreveu Santos.

No grupo de WhatsApp, os executivos do mercado financeiro informavam valores de doações. Em um período de duas semanas, a troca de mensagens apontou, diz a reportagem, um volume total de doações de 50 mil reais para o MBL.

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