Política
Planalto anuncia posse de Marun no Twitter, mas apaga postagem
Perfil oficial do governo anunciou deputado como novo ministro, mas deletou informação em seguida
O Palácio do Planalto anunciou nesta quarta-feira 22, por meio de sua conta oficial no Twitter, que o deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) tomaria posse como novo ministro da Secretaria de Governo, substituindo o atual titular, Antonio Imbassahy (PSDB).
Minutos depois, em meio a relatos da imprensa de que Marun não seria nomeado e Imbassahy permaneceria no cargo, o tweet foi apagado pela comunicação oficial do governo brasileiro. Em seu lugar foi publicado um post anunciando apenas a posse de Alexandre Baldy como ministro das Cidades.
A eventual substituição de Imbassahy foi objeto de especulações durante todo o dia. Diversas notícias publicadas no início da tarde indicavam que Marun estava escolhido e tomaria posse ainda nesta quarta. Às 16h51, o Planalto divulgou a posse de Baldy e Marun, para em seguida recuar.
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O pano de fundo da confusão é a disputa entre a ala governista do PSDB e o chamado “centrão” pela pasta. A Secretaria de Governo é responsável pela articulação política do governo com o Congresso e tem influência significativa entre os parlamentares.
Há meses, o PSDB tem se demonstrado vacilante na relação com o Planalto. Enquanto os governistas, liderados pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), desejam permanecer ao lado de Temer, muitos outros tucanos querem sair rapidamente do governo para tentar evitar danos nas eleições de 2018.
O “centrão”, por sua vez, quer mais espaço. Carlos Marun, deputado eleito pelo PMDB-MS, se notabilizou por ser um defensor de primeira ordem de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara cassado por mentir aos colegas a respeito de contas na Suíça e condenado por corrupção na Operação Lava Jato.
Cunha está preso no Paraná e, ao contrário da expectativa, não fez um acordo de delação premiada que poderia incriminar Michel Temer. Em novembro, em embate com o doleiro Lucio Funaro, apontado como operador financeiro do PMDB em esquemas de corrupção, Cunha inclusive defendeu Temer. Agora, seu antigo escudeiro almeja chega ao primeiro escalão do governo.
Recentemente, Marun atraiu holofotes ao dançar e cantar após a Câmara barrar a denúncia contra Temer por formação de quadrilha e obstrução de Justiça. “Tudo está no seu lugar. Graças a Deus, graças a Deus. Surramos mais uma vez essa oposição, que não consegue nenhuma ganhar”, cantou o deputado, em gravação flagrada pela Folha de S.Paulo.
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