Política

PF vai investigar se Bolsonaro interferiu em operações sobre filhos e amigos, diz jornal

O objetivo seria identificar eventuais ações para alterar investigações sensíveis ao entorno do ex-capitão

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Sergio Lima/Poder360/AFP
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A Polícia Federal deve abrir procedimentos internos para apurar se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu em operações que miravam familiares ou aliados. O objetivo, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, é identificar eventuais ações para alterar investigações sensíveis ao ex-capitão.

Bolsonaro chegou a trocar o diretor-geral da PF em quatro ocasiões, procedimento considerado incomum para a corporação.  A primeira substituição aconteceu em abril de 2020, quando o então presidente exonerou o delegado Maurício Valeixo para nomear Alexandre Ramagem.

“Eu não vou esperar f** minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura”, disse Bolsonaro durante a reunião ministerial de abril daquele ano. “Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.”

A troca foi o estopim para o pedido de demissão de Sérgio Moro do Ministério da Justiça. Ao deixar o governo, o ex-juiz acusou Bolsonaro de mudar a cúpula da corporação para impedir investigações contra familiares.

O ex-capitão também nomeou como DG da corporação os delegados federais Rolando de Souza, Paulo Maiurino e, por último, Márcio Nunes.

Durante o governo Bolsonaro, responsáveis por investigações foram demitidos. Relembre abaixo os principais casos:

  • Alexandre Saraiva, à época superintendente da PF no Amazonas, foi exonerado após enviar ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime contra o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, na investigação contra uma organização criminosa responsável pelo tráfico de madeira ilegal na Amazônia;
  • Hugo de Barros Correa, então chefe da PF no Distrito Federal, foi demitido após liderar o inquérito que investigava Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do ex-presidente, e eventuais desvios de recursos no Ministério da Saúde;
  • O delegado Ricardo Saadi, da PF no Rio de Janeiro, foi dispensado ainda em 2019. Ele chefiava investigação sobre milícias no Rio de Janeiro;
  • A delegada Dominique de Castro Oliveira também está na lista de exonerações promovidas pelo governo Bolsonaro. À época na Interpol, ela foi responsável por incluir o nome do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos na Lista de Difusão Vermelha do órgão, em acordo com a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF;
  • A última demissão aconteceu no início de 2022. Trata-se da exoneração do delegado Luis Flávio Zampronha, que coordenava um setor da PF responsável por conduzir as diligências nas investigações que apuram fake news e o financiamento de atos antidemocráticos.

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