Política

PF prende três ex-deputados e amplia alvos

Caixa Econômica Federal entra na mira da Lava Jato. André Vargas teria recebido propina para ajudar empresa de publicidade Borghi/Lowe

Agente da PF durante ação nesta sexta-feira 10, em Curitiba
Apoie Siga-nos no

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira 10 a 11ª fase da Operação Lava Jato, e prendeu três políticos sem mandato – o ex-secretário de comunicação do PT André Vargas; o deputado do PP da Bahia, Luiz Argolo, e Pedro Correa, condenado no julgamento do chamado “mensalão”. A partir de agora, negócios envolvendo a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde também serão investigados.

Vargas, Argolo e Correa apareceram em diversas conversas das pessoas investigadas na Lava jato envolvendo valores, empreiteiras e favores em órgãos públicos. Os outros detidos são o irmão de Vargas, Leon, a secretária de Argolo, Eliá Santos da Hora, o publicitário Ricardo Hoffman, e Ivan Mernon da Silva Torres, apontado como laranja de Côrrea. Chamada de “A Origem”, essa fase da Lava Jato investiga os crimes de organização criminosa, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, fraude em licitações, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e tráfico de influência.

Vargas teve seu mandato de deputado federal cassado em dezembro de 2014, por conta de seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato. O ex-petista é investigado por sua relação com a agência Borghi/Lowe.”Os fatos caracterizam, em princípio, crimes de corrupção, com comissões devidas à Borghi/Lowe, agência de publicidade contratada por entidades públicas, sendo direcionadas como propinas e sem causa lícita a André Vargas e aos irmãos deste por intermédio do estratagema fraudulento”, diz o juiz Sergio Moro em seu despacho.

Os pagamento teriam sido realizados por meio de duas empresas do petista. A LSI e a Limiar seriam os destinatários do dinheiro proveniente da ação do parlamentar em fraudes em licitações da Caixa Econômica Federal e outros órgãos públicos. Outra empresa, a IT7, com contratos com a Caixa, o Serviço Federal de Processamento de Dados, Celepar e CCEE repassou 2 milhões ao ex-deputado e seu irmão. Moro ainda lembrou em sua decisão das provas existentes de que “André Vargas realizou diversas e intensas intervenções junto ao Ministério da Saúde para a aprovação da parceria” com o laboratório Labogen, de Leonardo Meireles, operador de contas e empresas ligadas a Youssef.

No caso de Pedro Correa, pai da deputada Aline Correa, ambos do PP, Moro diz haver provas do recebimento de propina do esquema da Petrobras durante seu julgamento no chamado “mensalão”. Atualmente, Correa cumpre o regime semiaberto no Centro de Ressocialização do Agreste, em Pernambuco. Por meio de contas de uma nora, de um funcionário de seu sítio e de ex-assessores, o ex-deputado teria recebido mais de cinco milhões de reais provenientes do esquema na Petrobras. “No acordo de colaboração premiada, Alberto Youssef reporta-se por diversas vezes a Pedro Correa como um dos membros do PP que dava apoio a Paulo Roberto Costa e que, por conseguinte, recebia pagamentos periódicos de propina”, diz Moro em seu despacho.

Sobre Luiz Argolo, o juiz lembrou que o doleiro contou em sua delação ter repassado por meio de notas frias para um empresa ligada ao político cerca de 3 milhões de reais. A quebra do sigilo dos envolvidos nessa operação, aponta Moro, configura “prova, em cognição sumária, do repasse de cerca de 1,2 milhão de reais em vantagem indevida a João Luiz Argolo”. Segundo o juiz, as provas apontam que o doleiro e o deputado seriam sócios na Malga Engenharia e em um helicóptero Robson 44, apreendido na Lava Jato. “Os vendedores do helicóptero também testemunharam que toda a negociação teria sido feita com Argolo”. A relação, diz o MPF, era tão próxima que Youssef pagava o IPTU de um imóvel do deputado e equipamentos médicos para “distribuição política”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo