Política
PF pede prorrogação do inquérito sobre Bolsonaro relacionar Aids à vacina da Covid
Investigadores também solicitaram ao STF que Google mande cópia da live do presidente que foi retirada do ar por propagar fake news


A Polícia Federal (PF) pediu nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prorrogação do inquérito que apura as declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em “live” realizada em 21 de outubro do ano passado. Na época, ele apontou uma ligação entre a vacinação contra a Covid-19 e o desenvolvimento da Aids, o que não é verdade.
O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes pela delegada da PF Lorena Lima Nascimento, responsável pelo inquérito. A decisão de abrir o inquérito foi tomada no começo de dezembro do ano passado pelo ministro, mas a investigação na PF começou apenas em fevereiro.
A PF ainda solicitou que Moraes peça ao Google o compartilhamento integral, em dez dias úteis, de cópia do conteúdo da live realizada por Bolsonaro em outubro de 2021, já que o vídeo foi retirado pela empresa de suas plataformas — diante da constatação de que o conteúdo continha “fake news“.
Quando determinou a abertura do inquérito, Moraes disse não haver dúvidas de que “as condutas noticiadas do Presidente da República, no sentido de propagação de notícias fraudulentas acerca da vacinação contra o Covid-19 utilizam-se do modus operandi de esquemas de divulgação em massa nas redes sociais, revelando-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente diante da existência de uma organização criminosa”.
Em sua live semanal de 21 de outubro de 2021, Bolsonaro divulgou uma notícia falsa segundo a qual relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugeririam que as pessoas completamente imunizadas contra a Covid-19 estariam desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida (aids) “muito mais rápido que o previsto”. O presidente não deu detalhes sobre a associação, sob a alegação de que poderia “ter problemas”. Mas recomendou que seus seguidores lessem uma matéria sobre o assunto.
Em fevereiro, quando a investigação foi iniciada, a PF disse que iria transcrever o inteiro teor da transmissão ao vivo, além de identificar e pesquisar a confiabilidade dos sites que serviram de base para as informações replicadas por Bolsonaro, ou seja, “se existem relatos em outras fontes de informação sobre tais sítios serem conhecidos por transmitirem informações verdadeiras ou fake news“.
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