Política
PF pede ao STF que Telegram tenha de enviar dados sobre grupo de extrema-direita
Um dos membros do grupo é Ivan Pinto, preso em julho por publicar ameaças contra Lula e ministros da Corte
A Polícia Federal pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorização para que o Telegram seja obrigado a enviar os dados cadastrais e o conteúdo das mensagens publicadas em um grupo intitulado “Caçadores de Ratos do STF”.
Um dos membros do grupo é Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, preso em 22 de julho por publicar ameaças contra o ex-presidente Lula (PT) e ministros da Corte.
Segundo a PF, não possível encontrar “qualquer dado qualificativo que permita a identificação das pessoas que integram ou integraram o grupo”. No pedido encaminhado ao STF, assinado pelo delegado Fabio Alvarez Shor, a corporação também diz ter identificado mensagens de Ivan por meio do WhatsApp.
“Nesse sentido, a empresa META INC. foi oficiada para encaminhar os dados cadastrais dos interlocutores identificados nas mensagens com conteúdo ilícito. Até o presente momento, aguarda-se o encaminhamento dos dados requisitados.”
A PF pede ao STF, por fim, a prorrogação do prazo para a conclusão das diligências complementares.
Ivan chegou a divulgar um vídeo horas antes de ser detido, com ataques a ministros do STF. “As tchutchucas do PT estão em desespero porque sabem que nós da direita vamos fazer o maior 7 de Setembro da história”, disse o bolsonarista na gravação. “É o STF que rasga a Constituição e eu tenho o direito de chamar todos esses caras de vagabundos e mentirosos”.
No despacho em que decretou a prisão preventiva do extremista, Alexandre de Moraes argumentou que “é possível verificar, em certo grau, a extensão da divulgação do conteúdo criminoso objeto de investigação nestes autos, tendo o investigado criado diversas listas de transmissão de mensagens (nove) e se vangloriado do tamanho de seu canal na rede Kwai (mais de 94 mil seguidores)”.
Os vídeos de Ivan são repletos de xingamentos e palavras de baixo calão. Ele diz que sua “guerra” é “contra o tráfico de drogas”, mas seus alvos preferenciais são políticos de esquerda, a quem ele associa a existência do narcotráfico, e os ministros do Supremo, que, segundo ele, “mandam soltar esses vagabundos”.
“A minha vontade é meter uma bala na cabeça desses juízes e desembargadores, a minha vontade é tacar fogo neles”, afirmou em um vídeo publicado em 9 de julho.
Em outro post, disse que o 7 de Setembro deste ano seria a “culminância da indignação popular brasileira”.
“Eu vou dizer uma coisa para vocês, togados vagabundos (…) Nós não vamos só invadir o STF, não. Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo”, declarou em 8 de julho.
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