Política

PF ouve funcionários da Caixa sobre boatos do Bolsa Família

Após reunião com a Polícia Federal, líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio, afirmou que perdeu força linha de investigação sobre boato ter partido de uma empresa de telemarketing

Segundo deputado tucano, tese de que boatos teriam sido espalhados por central de telemarketing perdeu força
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O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), afirmou nesta terça-feira 28 que as investigações do falso boato sobre o fim do Bolsa Família estão concentradas no depoimento de testemunhas e funcionários da Caixa Econômica Federal. A declaração ocorreu após um encontro do tucano com o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Daiello Coimbra.

Parlamentares do DEM e do PPS também estiveram na Superintendência da PF para acompanhar o andamento das investigações.

Sampaio pediu agilidade na apuração e disse que um advogado do PSDB vai acompanhar o caso para analisar as informações divulgadas de que a oposição poderia estar por trás da criação do boato.

Segundo o deputado, perderam a força as linhas de apuração de que o boato partiu da internet ou de uma empresa de telemarketing. “Dessas três linhas, ele [o diretor-geral da PF] tem a impressão de que o boato foi boca a boca e, a partir dai, gerou-se o comentário via internet, e não o inverso. Além disso, a empresa de telemarketing não existe com o seu nome e uma única pessoa afirmou que teria sido acionada pela empresa”, disse o tucano.

O líder do PSDB definiu como “má-fé”, o anúncio da Caixa Econômica, logo após o episódio, de que a liberação dos benefícios ocorreu para minimizar os efeitos do tumulto nas agências.

Na segunda-feira 17, o presidente do banco, Jorge Fontes Hereda, corrigiu a informação e reconheceu que a instituição alterou o sistema de pagamento no dia 17 por causa da atualização do sistema de cadastro de informações sociais do governo federal, que fornece um número personalizado para cada cidadão inscrito em qualquer programa social da União. Em atualização desde março, o novo sistema substituiu o cadastro anterior, em vigor desde julho de 2000.

De acordo com Hereda, o banco identificou 692 mil beneficiários com mais de um número no novo cadastro. Para impedir que essas famílias ficassem sem receber o Bolsa Família, por causa dos dois números de inscrição, a Caixa decidiu liberar o saque antecipado, sem informar aos beneficiários. “O cartão é associado a um número de NIS [número de identificação social]. Como os números adicionais foram cancelados, isso poderia criar um transtorno para as famílias que teriam o dia de pagamento alterado. Então decidimos liberar o calendário”, explicou Hereda.

Segundo Sampaio, os agentes da PF foram informados no dia 20 que a Caixa havia antecipado o pagamento do programa. O banco admitiu publicamente a mudança apenas na sexta-feira 24.

Investigação

O PSDB no Senado protocolou na segunda-feira na Procuradoria-Geral da República representação para que o órgão investigue se a Caixa cometeu crime de responsabilidade de falsidade ideológica no caso. A representação foi assinada pelo líder do partido, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), e pelo vice-líder, senador Alvaro Dias (PR).

O partido relata que o banco se contradisse ao informar, em um primeiro momento, que não havia feito alterações no calendário de pagamento e, depois, admitiu que fez a liberação de todos os benefícios na véspera do incidente. Na ocasião, milhares de beneficiários do programa foram às agências da Caixa para tentar sacar o benefício, o que provocou tumulto e quebra-quebra em agências em 12 estados.

Os senadores pedem a imediata abertura de procedimento administrativo competente para a investigação penal e cível, bem como judiciais, para apurar a materialidade e a autoria dos fatos penais que vierem a ser tipificados e os ilícitos civis e administrativos apontados. Solicitam também a abertura de inquérito civil administrativo, para apurar responsabilidades civis e políticas pela eventual prática de atos de improbidade administrativa pelos envolvidos.

Os tucanos também apresentaram requerimento convidando o presidente da Caixa a comparecer à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado para prestar esclarecimentos sobre as “declarações falsas” apresentadas pela diretoria da CEF sobre a liberação dos benefícios do Bolsa Família, no mês de maio, e sobre as razões que levaram à alteração do calendário de pagamentos do programa.

Com informações Agência Brasil

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