Política

PF obtém áudio em que o presidente da Funai oferece apoio a servidor preso por arrendar terras indígenas

‘Pode ficar tranquilo’, disse Marcelo Augusto Xavier a Jussielson Silva, conforme a gravação

O presidente da Funai, Marcelo Xavier, e o Cacique Damião, da Terra Indígena da Marãiwatsédé. Foto: Mário Vilela/Funai
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Um áudio interceptado pela Polícia Federal durante uma investigação sobre supostas irregularidades na Funai mostra o presidente da fundação, Marcelo Augusto Xavier, oferecendo apoio ao servidor Jussielson Silva, preso em maio pelo arrendamento de terras indígenas em Mato Grosso.

“Eu vou dar ciência já do caso ao corregedor lá de Mato Grosso, ao corregedor nacional da Polícia Federal aqui e já vou acionar nossa corregedoria para atuar nisso aqui. Pode ficar tranquilo”, diz Xavier no áudio, divulgado nesta quinta-feira 25 pelo jornal O Globo.

Silva, então, respondeu: “Eu agradeço porque a gente está na ponta da lança. O senhor é o meu apoio de fogo. O senhor me protegendo, fico mais feliz ainda”.

O presidente da Funai, por fim, acrescentou: “Pode ficar tranquilo aí que você tem toda a sustentação aqui. Pode ficar sossegado”.

O servidor, que atuava em Ribeirão Cascalheira, a 893 quilômetros de Cuiabá, foi preso sob a acusação de alugar áreas na Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo Xavante. Com ele foram presos o policial militar Gerrard Maxmiliano Rodrigues e Souza e o ex-PM Enoque Bento de Souza. Os dois respondem por integrar milícia privada, sequestro qualificado, abuso de autoridade, peculato, favorecimento pessoal, usurpação de função pública na forma qualificada, porte ilegal de arma de fogo e estelionato.

Segundo a investigação, os réus compunham uma espécie de ‘poder armado’, paralelo ao Estado, e, em suas investidas, usavam vestes militares, portavam arma de forma ostensiva e demonstravam forte conotação de poder de polícia. Os investigadores também afirmam que, além de propina aos servidores, os arrendamentos geraram repasses de aproximadamente 900 mil reais por mês ao cacique Damião Parindzané, também investigado pela Polícia Federal por suspeita de receber dinheiro em troca da concessão ilegal de áreas indígenas a fazendeiros.

Procurada pela reportagem, a defesa de Silva disse não ter interesse em comentar o áudio. Já a Funai emitiu uma nota sem mencionar a denúncia contra o seu presidente.

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