Política

PF investiga uso de ‘Abin paralela’ na campanha eleitoral de Ramagem, diz jornal

Uma planilha de pagamentos e conversas de WhatsApp são os principais indícios contra o político bolsonarista

PF investiga uso de ‘Abin paralela’ na campanha eleitoral de Ramagem, diz jornal
PF investiga uso de ‘Abin paralela’ na campanha eleitoral de Ramagem, diz jornal
Carlos Bolsonaro era o chefe político, diz a PF. Ramagem (acima), o gestor da bisbilhotagem – Imagem: Pablo Valadares/Ag. Câmara
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A Polícia Federal suspeita que policiais federais que integraram a chamada “Abin paralela” atuaram, de forma clandestina, na campanha de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, em 2022. Naquele ano, ele concorreu ao cargo de deputado federal pelo PL e saiu vitorioso. 

A hipótese foi exposta pela PF durante o depoimento do ex-diretor, realizado há duas semanas, no âmbito do inquérito que investiga a existência de uma suposta estrutura de espionagem de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi revelada pelo jornal O Globo desta quinta-feira 1º. 

O principal indício da campanha clandestina colhido pela PF é uma planilha de pagamentos que contém os nomes de dois agentes próximos a Ramagem. O documento teria relação direta com os gastos de campanha do bolsonarista. A planilha periciada pela PF foi apreendida durante uma operação de busca e apreensão em endereços do ex-chefe da Abin.

Um dos nomes citados no documento é de Henrique Cesar Prado Zordan, agente da Polícia Federal levado por Ramagem para a Abin. Ele seria um dos integrantes do gabinete paralelo de espionagem. Outro indício de que ele teria participado clandestinamente da campanha do aliado é uma licença-capacitação tirada pelo agente durante todo o período eleitoral.

Uma conversa entre Ramagem e Zordan também engrossa a suspeita. Nas mensagens, o agente questionava Ramagem se teria que pesquisar outros candidatos do Rio de Janeiro que tinham a segurança pública como principal mote de campanha. A pesquisa serviria para formar uma lista de potenciais concorrentes diretos do ex-diretor da Abin naquela eleição e teria sido solicitada pelo próprio candidato.

O policial também teria, segundo o jornal, as senhas das redes sociais de Ramagem.

No depoimento prestado sobre o tema, o ex-diretor da Abin reconheceu a proximidade com Zordan, afirmou que recebeu visitas do agente em 2022, mas alega que ele não participou da sua campanha para deputado.

O outro nome que aparece na planilha sob investigação da PF é o de Felipe Arlotta. Ele também atuou na Abin durante a gestão de Ramagem e seria integrante do grupo de espionagem ilegal. Seu nome consta na lista de investigados no caso.

Ramagem, no depoimento, negou a participação dos agentes na sua campanha e afirmou, também, que “não se recorda de qualquer gasto eleitoral com qualquer policial federal”.

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