PF investiga relatos sobre desaparecidos

O ex-delegado do Dops contou em livro que dez militantes foram incinerados em uma usina de açucar no Rio

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O depoimento de um ex-delegado do Dops, reunido em um livro recém-publicado, levou a Polícia Federal a abrir investigação sobre o paradeiro de dez militantes de esquerda desaparecidos desde a ditadura. Ex-chefe do Dops (Departamento de Operações Políticas e Sociais) do Espírito Santo, Cláudio Guerra afirma ter participado da ação que levou os corpos a serem incinerados em uma usina de açúcar no norte do Rio de Janeiro.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta quinta-feira 4, a PF entrou no caso ao tomar conhecimento das novas versões. A presidenta Dilma Rousseff e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também foram informados da investigação, que corre em sigilo, informou o jornal.

Guerra teria levado a polícia ao Rio, Belo Horizonte, Petrópolis (RJ) e Campos (RJ), onde serão feitas escavações para buscar os corpos.

A investigação deve ser entregue à Comissão da Verdade, que ainda não está funcionando.

Embora recebido com cautela por especialistas, o relato do ex-delegado pode mudar os rumos das versões oficiais sobre alguns dos mais misteriosos episódios da ditadura.

Trechos do livro Memórias de Uma Guerra Suja, com depoimentos feitos pelo ex-delegado aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, apareceram na imprensa nesta semana.


No livro, Guerra conta versões novas sobre o paradeiro de militantes, jornalistas e até de um dos homens-fortes do regime: o temido delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo.

Segundo o relato, a morte de Fleury foi queima de arquivo. Oficialmente, o delegado foi morto em um acidente com uma lancha em Ilhabela, litoral paulista, em 1979.

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