Política
PF investiga o papel de Bolsonaro em blitzes da PRF durante o 2º turno das eleições
O ex-capitão pode ser implicado no caso que tem Anderson Torres no centro das investigações


A Polícia Federal quer entender se a atuação do então ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres nas blitzes que tentaram impedir eleitores do presidente Lula (PT) de chegarem aos locais de votação foi uma ‘iniciativa própria’ de Torres ou se cumpriu ordens diretas de Jair Bolsonaro (PL), presidente à época. A linha de investigação foi revelada pela jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, nesta terça-feira 4.
De acordo com a reportagem, os investigadores já consideram ‘evidente’ a participação de Torres na ação. A avaliação ocorre após revelação de que ele viajou para a Bahia, acompanhado do então diretor da PF Márcio Nunes, com intuito de pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na operação no dia da eleição, dando apoio à PRF na realização das blitzes.
O caso ganha ainda mais corpo com a descoberta de um ‘boletim de inteligência’, produzido em outubro de 2022, que detalhava os locais onde o então candidato Lula havia sido mais votado no primeiro turno. O documento teria sido feito pela diretora de Inteligência do Ministério da Justiça à época, Marília Alencar, delegada que foi trabalhar com Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal neste ano.
A suspeita principal é de que o boletim tenha sido usado na definição dos locais para realização das blitzes da PRF naquele segundo turno. As operações da PRF, vale ainda citar, custaram mais de 1,3 milhão aos cofres públicos. O valor foi revelado por um pedido de Lei de Acesso à Informações do site UOL, divulgado nesta terça-feira.
O foco da investigação agora é apurar se há ligação direta de Bolsonaro com o caso. A intenção, destaca Megale, é entender com profundidade qual o grau de comprometimento do ex-capitão com o ‘boletim de inteligência’, com a viagem do ex-ministro e com a definição das operações da PRF naquele segundo turno.
Torres, importante lembrar, está preso desde a primeira quinzena de janeiro por ordens do Supremo Tribunal Federal. A suspeita é de que ele tenha se omitido diante de golpistas que atacaram a sede dos Três Poderes no dia 8 de Janeiro em Brasília. No curso das operações contra ele, foi encontrada uma minuta de golpe em sua residência. Ele nega a confecção do documento, alega que o arquivo teria sido entregue por um apoiador desconhecido e que seria destruído. As revelações recentes sobre as blitzes devem engrossar as acusações que já pesam contra Torres.
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