Política

PF intima organizadores do Facada Fest, que reagem: “Não nos calarão”

Festival punk paraense usou cartazes com sátiras do presidente Jair Bolsonaro. ‘É apologia a crime, além de ofensivo’, rebateu Sergio Moro

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Organizadores de um festival punk em Belém do Pará chamado “Facada Fest” foram intimados a prestar depoimento à Polícia Federal após cartazes do evento serem lidos como apologéticos à violência. O caso foi revelado na página oficial do evento no último sábado 22, mas obteve mais repercussão com a reação do ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, que endossou a hipótese de que os cartazes ofendiam a “honra” do presidente Jair Bolsonaro.

“Se fosse outro agente político ou outra pessoa concreta, estariam liberadas a ofensa ou a apologia ao crime? Crítica é uma coisa, isso é algo diferente. Não são, portanto, simples ‘cartazes anti-bolsonaro'”, escreveu o ministro nas redes sociais em resposta a uma reportagem da Folha de S. Paulo que repercutiu o caso.

O festival ocorreu em junho de 2018 e, de acordo com os realizadores do evento, foi “um sucesso de público e não registrou nenhuma ocorrência policial”. No entanto, um grupo de extrema-direita teria se ofendido com o teor dos cartazes e levado o caso ao Ministério Público Federal do Pará, que encaminhou o caso às instâncias federais.

Em nota, a Polícia Federal informou apenas que foi instaurado um inquérito na Delegacia de Defesa Institucional, na Superintendência Regional da Polícia Federal no Pará, e que não comentaria as investigações em andamento.

Os cartazes criticados incluem um palhaço empalado, Jair Bolsonaro com um vestuário nazista e dos Estados Unidos, e um indígena com a cabeça do ex-presidente nas mãos. O festival, apesar de ter sido criado em Belém, também teve edições em Belo Horizonte e Campinas, no interior paulista.

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

Nas redes sociais, os integrantes do Facada Fest divulgaram um comunicado no qual dizem ser vítimas de “perseguição” de Sergio Moro.

“Em despacho assinado pelo Ministro da Justiça, Sergio Moro, e pelo Procurador Geral da República, Augusto Aras, a organização do festival é acusada de “apologia de crime” e “crimes contra a honra” do presidente da república, Jair Bolsonaro”, escreveram.

“Com tantos problemas ocorrendo neste momento no país – motim das policias militares, degradação ambiental na Amazônia e os indícios cada vez mais fortes de ligações entre políticos e milicianos – causa-nos espanto o uso do aparato judicial e policial de nosso país na repressão de um festival de música”, continuaram.

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