Política

PF determina que entrevistas de Lula tenham “plateia” de jornalistas

Profissionais escolhidos pela polícia não teriam direito a perguntas; equipe do presidente contesta

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Um dia antes de o ex-presidente Lula receber jornalistas autorizados pelo STF a entrevistá-lo na prisão, a Superintendência da Polícia Federal no Paraná determinou que a entrevista seja acompanhada por uma “plateia” de outros profissionais. Esses escolhidos testemunhariam a entrevista, mas sem direito a perguntas.

Em decisão, o superintendente Luciano Flores argumenta que a medida “tem fim de dar integral cumprimento” à decisão do STF, em especial à liberdade de imprensa e da publicidade de atos administrativos. Conforme anotou, a imprensa seria recebida “dentro do limite em que a sala disponível para tais entrevistas suportar”.

O encontro estava marcado para esta sexta-feira, entre as dez da manhã e o meio-dia.

Em nota, a assessoria de comunicação do ex-presidente Lula acusa a Polícia Federal de desrespeitar a decisão do Supremo e declara ainda que esses jornalistas seriam selecionados pela própria PF. Esse esquema, alerta a equipe, abriria espaço para que outros jornalistas publicassem antes as entrevistas exclusivas dos veículos que pediram originalmente o espaço.

“A decisão viola primeiro a decisão do Supremo, já que as entrevistas devem acontecer com anuência do ex-presidente, e também os jornalistas, a prática e a ética jornalística ao permitir que profissionais de outros veículos assistam entrevistas exclusivas para outras publicações e publiquem antes uma entrevista pela qual os outros veículos lutaram na justiça por meses.”

A versão brasileira do El País, a Folha de S. Paulo e o jornalista Florestan Fernandes Jr. pediram ao Supremo, no ano passado, autorização para entrevistar o ex-presidente. A tentativa foi vetada pelo ministro Luiz Fux, que cassou uma liminar favorável dada antes por Ricardo Lewandowski. O presidente Dias Toffoli extinguiu a decisão na última quinta-feira 18.

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