Petrobras: Governo, Centrão e setor privado digladiam-se pelo controle da estatal

A política de preços contamina a inflação e faz da estatal um pepino para a reeleição de Bolsonaro

O general Silva e Luna, demitido por Bolsonaro, uniu-se aos acionistas minoritários para barrar Pires e Landim - Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo, Marcelo Camargo/ABR e Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

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A Petrobras é tema de eleições desde a sua criação, em 1953, e neste ano não será diferente. É fácil entender o motivo. Trata-se da maior empresa brasileira, responsável por 4% do PIB, que explora uma riqueza pela qual se fazem guerras. Na campanha de 2010, o pré-sal havia sido recém-descoberto, debatia-se a melhor lei para extraí-lo e dividi-lo, enquanto a estatal rea­lizava a maior capitalização da história. Em 2014 e 2018, a companhia foi estrela negativa, em razão da Operação Lava Jato. Em 2022, Jair Bolsonaro resgatará o clima de “roubalheira” na petroleira para tentar bater Lula nas urnas. E até sopra que a privatizaria, ideia que faz a cabeça do pré-candidato tucano João Doria Jr. A disposição bolsonarista e os planos lulistas para a política de preços da estatal, política que é um abacaxi para o presidente, a colocam no centro do debate nos próximos meses.

Com esse pano de fundo, as últimas semanas desencadearam uma guerra entre grupos do governo e da Petrobras pelo controle da companhia, que registrou lucro recorde no ano passado, de 106 bilhões de reais. A política de preços que garantiu esse ganho, atrelada às cotações internacionais do petróleo, castiga a população e a popularidade governamental, ao encarecer a gasolina, o diesel e o botijão de gás. Também serviu de pretexto para uma investida do “Centrão” liderada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, para mandar no pedaço, operação abençoada por Bolsonaro. Se os dois enxergam o efeito danoso da inflação nas chances do governismo nas urnas, igualmente tentaram aproveitar a chance para enfiar apadrinhados na estatal que trabalhariam por interesses privados. Seria uma derrota das alas fardada e neoliberal do governo e dos acionistas privados, apesar de o perfil dos apadrinhados sugerir que a política de preços não sofreria mudança radical.

FRACASSARAM OS PLANOS INICIAIS DE CIRO NOGUEIRA E ARTHUR LIRA DE COLOCAR AS MÃOS NA EMPRESA

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2 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 10 de abril de 2022 23h20
O Petróleo sempre foi o responsável pelos conflitos, guerras e a cobiça internacional pelo imperialismo estadunidense no mundo, desde que foi descoberto como a matéria prima, combustível, a energia mor do capitalismo. No Brasil, com a fundação da Petrobrás em 1953, por Getúlio Dornelles Vargas, tivemos deposições, golpes, assassinatos, suicídios direta e indiretamente em nome deste ouro negro. Neste atual governo, que para vencer as eleições, está disposto a tudo, inclusive privatizar e entregar a nossa maior empresa, o alto preço dos combustíveis, gasolina, óleo diesel, gás, influencia diretamente na alta da inflação e na economia, fazendo com que o brasileiro sofra a carestia dos produtos básicos de subsistência provocada pela alta do Petróleo. Bolsonaro, o Centrão e o Mercado tentam, cada um com suas artimanhas, destruir a empresa, vendendo-a às multinacionais sem nenhum interesse patriótico ou calcado no sofrimento do povo tão empobrecido desse país. Somente Lula para nos livrar desse pesadelo que vivemos desde o golpe de 2016 e salvar a maior empresa desse pais, fazendo com que o Pré-sal cumpra a sua finalidade original e prometida em que o seu lucro dos royalties sejam direcionados para a educação e para o desenvolvimento do país. Para isso se faz necessário que o povo eleja um congresso progressista de esquerda que defenda os reais interesses nacionais juntamente com o futuro presidente Lula.
JOSE CARLOS GAMA 8 de abril de 2022 21h40
Querida Petrobras, venho, por essas mal fadadas linhas, desejar-lhe saúde, independentemente dos vermes que lhe a comete. petroBRAS.

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