Política

Pesquisador diz à CPI que teve estudo sobre a Covid-19 censurado pelo Ministério da Saúde

Pedro Hallal, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, depõe à comissão nesta quinta-feira 24

Créditos: Agência Senado Créditos: Agência Senado
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O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal relatou à CPI da Covid, nesta quinta 24, um episódio de censura.

O caso, conforme depoimento, ocorreu durante uma coletiva de imprensa do Ministério da Saúde. Ao tentar apresentar dados sobre o grau de infecção pelo coronavírus em diferentes grupos étnicos, ele teve parte da apresentação cortada.

O pesquisador teria sido avisado pela assessoria de imprensa do Planalto, 15 minutos antes da apresentação, de que um slide havia sido removido.

“O monitoramento [do estudo] foi interrompido e este slide que apresentava diferença entre os grupos étnicos foi censurado na coletiva de imprensa no Palácio do Planalto no qual eu apresentei os resultados”, relatou Hallal à CPI.

O slide, explicou o pesquisador, revelava diferenças nas taxas de infecção entre brancos, pardos, negros e indígenas. De acordo com  o estudo, a infecção foi cinco vezes maior entre as populações indígenas e duas vezes maior entre os negros.

“Incomoda muito a nós pesquisadores quando é dito que a Covid afeta todos. Ela pode até afetar todos, mas em intensidades muito diferentes”, acrescentou Hallal. “Em todas as três fases, as pessoas mais pobres tiveram o dobro do risco de infecção do que as pessoas mais ricas desse país.”

Questionado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sobre quem teria sido o autor do pedido, Hallal disse que não tinha como afirmar se a ordem partiu de algum superior, mas que o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, participou do evento.

O estudo foi encerrado abruptamente

No ano passado, a UFPEL iniciou, em parceria com o Ministério da Saúde, a um inquérito sorológico da Covid-19 em todo o País, o EPICOVID19. A pesquisa chegou à terceira fase, mas o Ministério da Saúde encerrou a parceria com a universidade, que buscou outras fontes de financiamento para publicar a quarta etapa do estudo.

“O Ministério da Saúde tem o direito de tomar as decisões em relação a qual universidade vai fazer o monitoramento. Mas não tem o direito de privar a população brasileira de seguir monitorando uma epidemia”, criticou Hallal. [A descontinuidade ocorrreu] em junho do ano passado. Olha o que aconteceu de lá pra frente.”

 

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