Pescador em ressaca

O mandato do senador bolsonarista Jorge Seif Jr. está ameaçado por duas ações na Justiça Eleitoral

Currículo. Secretário de Aquicultura e Pesca no governo de Jair Bolsonaro, Seif Jr. tem familiares envolvidos na pesca predatória de tubarões – Imagem: STR/AFP

Apoie Siga-nos no

O Ibama apreendeu no litoral de Santa Catarina mais de 27 toneladas de barbatanas de tubarão. “Trata-se, possivelmente, da maior apreensão da história desse tipo de produto que afeta gravemente as espécies marinhas”, celebrou Jair Schmit, diretor de Proteção Ambiental do órgão. No Brasil, a pesca de tubarões para extrair apenas as nadadeiras é proibida desde 1998. Mais de 180 países aprovaram resoluções semelhantes para impedir a matança. As barbatanas têm um alto valor de mercado nos países asiáticos, onde atingem preços exorbitantes, de até mil dólares o quilo. Os orientais acreditam que a sopa da carne tem alto poder afrodisíaco. Segundo um relatório da WWF, organização ambiental com sede na Suí­ça, o comércio desse produto movimentou 1,5 bilhão de dólares de 2012 a 2019.

O sacrifício de milhares de tubarões das espécies Azul e Anequim foi constatado pelo Ibama em 40 barcos pesqueiros entre 2020 e 2022, quando o senador Jorge Seif Júnior era secretário nacional da Aquicultura e Pesca no governo de Jair Bolsonaro. Quatro dessas embarcações seriam de propriedade da sua família. Duas estão registradas em nome de seu pai, Jorge Seif, e duas em nome da mãe, Sara Seif. De acordo com o jornal O Globo, o pai foi multado em 458 mil reais e a mãe, em 1,2 milhão.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

2 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 30 de julho de 2023 23h49
A palavra mais cabível neste artigo do que fazem contra os tubarões em SC é crueldade. Esse senador do estado mais bolsonarista do país deve ter o seu mandato, de fato cassado. Além desse crime ambiental e contra os animais, certamente cometeu outros que não devem ser tolerados. O pior é o eleitor que se presta a votar num cidadão como esse. Se faz necessário a Justiça eleitoral utilizar o critério de investigação cível e criminal de quem se candidata a cargos eletivos pois o número de parlamentares cassados ou que estão sendo investigados ou processados é muito elevado. Esperemos que o assessor Jair Renan Bolsonaro seja exonerado do seu cargo, pois mora no Rio de Janeiro e aparentemente trabalha em Balneário Camboriú a serviço desse mesmo senador.
ricardo fernandes de oliveira 31 de julho de 2023 11h22
Enquanto os crimes ambientais não tiverem a mesma pena que ofender o presidente da república ou um Ministro do stf não poderemos ser muito otimistas

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.