Política

Personagens do ‘mensalão’: Delúbio Soares, o tesoureiro

Ele é acusado de ser o homem do caixa da campanha, fazendo a ponte dos financiadores com políticos

Delúbio depõe na CPI do Correios, em 2005. Foto: Antonio Cruz/ABr
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A única aventura de Delúbio Soares a um cargo pública foi uma candidatura a deputado federal por Goiás nos anos 1980. Nos bastidores políticos, no entanto, o goiano já possuía uma carreira sólida. Em 2002, era o homem de confiança do PT para arrecadar recursos para campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, então postulante à Presidência da República.

Três anos depois, o posto de tesoureiro petista e a denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre a existência de um suposto esquema de compra de votos no Congresso, durante o primeiro mandato de Lula o colocaram aos olhos da Procuradoria-Geral da República como um dos articuladores do “mensalão”. Delúbio Soares passou, em algumas semanas, de homem forte do PT, a uma das figuras mais martirizadas do partido. Em meio ao escândalo em 2005, pelo qual é um dos 38 réus no processo do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o único dos acusados da legenda a ser expulso.

O PT e Delúbio sustentam que não havia compra de votos e que os valores destinados a parlamentares compunham um caixa dois para saldar dívidas de campanha do partido e de aliados. Mas, a menos de um mês do julgamento no STF, o ex-tesoureiro volta a ser sacrificado pelo partido para ocupar o demonizado papel de maestro do chamado mensalão. Respondendo por formação de quadrilha e corrupção ativa – com uma pena possível de até 12 anos de prisão e 15 de inelegibilidade -, Delúbio assumiu no início de junho sozinho a responsabilidade pela distribuição ilegal de recursos a políticos e partidos da base aliada entre 2002 e 2004. O movimento reforça a existência do caixa dois e pode, se a tese for aceita pelo STF, evitar um julgamento dos acusados por crimes de corrupção ativa ou formação de quadrilha, notadamente o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino. Eles seriam julgados por crime eleitoral, que já teriam prescrevido.

O ex-tesoureiro integrava, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o “núcleo central” do esquema, ao lado de Dirceu, Genoino e do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira. E, como o responsável pelo caixa da campanha, fazia a ponte de financiadores com políticos. Entre os financiadores de maior destaque aparece o publicitário Marcos Valério, fiador de empréstimos ao partido no Banco Rural e no BMG dando como garantia suas agências. Centro do “valerioduto”, o empresário teria sido favorecido com contratos em órgãos públicos para atuar como facilitador de verbas ao PT.

Os principais personagens do ‘mensalão’:

Valério, segundo o relator do caso no STF, Joaquim Barbosa, atuava no suposto esquema de lavagem com dinheiro de recursos públicos. Os valores eram supostamente obtidos de forma irregular pelas agências DNA Propaganda e SMP&B em contratos com a Câmara dos Deputados e o Banco do Brasil. Depois, seriam “esquentados” com empréstimos para dar uma “aparência de meros empréstimos bancários” realizados pelo PT e agências de propaganda, diz o documento.

Atualmente, Valério cobra do PT na Justiça do Distrito Federal mais de 100 milhões de reais por ter atuado como fiador da campanha. O PT diz não ter contratos com suas empresas e que Delúbio não possuía “poderes estatutários” para contrair empréstimos em nome do partido. O ex-tesoureiro alega, no entanto, ser inocente em um memorial enviado ao STF. Para ele, as acusações “não se sustentam” porque os repasses “tiveram como única finalidade o pagamento de despesas decorrentes de campanhas eleitorais”.

Formado em Matemática, Delúbio iniciou a atuação política nos anos 70 com o Movimento da Anistia em Goiânia (GO). Neste mesmo período, chegou a dar aulas em colégios públicos de Goiás e a participar da coordenação de movimentos de greve pela valorização dos professores. Como sindicalista, ajudou a fundar o PT, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) – onde foi Secretário de Política Sindical e Secretário de Finanças – e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás. No PT, foi Secretário Sindical e Secretário Nacional de Finanças e Planejamento.

Retornou ao partido em abril de 2011, com a aprovação de Lula e do diretório nacional. Ele já havia tentado voltar à legenda em 2009, mas seus planos foram soterrados para não lançar o “mensalão” na campanha da então pré-candidata à presidência Dilma Rousseff. Atualmente, Delúbio, que desde 2006 atua como consultor econômico e sindical, não possui cargo nos quadros do PT.

A única aventura de Delúbio Soares a um cargo pública foi uma candidatura a deputado federal por Goiás nos anos 1980. Nos bastidores políticos, no entanto, o goiano já possuía uma carreira sólida. Em 2002, era o homem de confiança do PT para arrecadar recursos para campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, então postulante à Presidência da República.

Três anos depois, o posto de tesoureiro petista e a denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre a existência de um suposto esquema de compra de votos no Congresso, durante o primeiro mandato de Lula o colocaram aos olhos da Procuradoria-Geral da República como um dos articuladores do “mensalão”. Delúbio Soares passou, em algumas semanas, de homem forte do PT, a uma das figuras mais martirizadas do partido. Em meio ao escândalo em 2005, pelo qual é um dos 38 réus no processo do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o único dos acusados da legenda a ser expulso.

O PT e Delúbio sustentam que não havia compra de votos e que os valores destinados a parlamentares compunham um caixa dois para saldar dívidas de campanha do partido e de aliados. Mas, a menos de um mês do julgamento no STF, o ex-tesoureiro volta a ser sacrificado pelo partido para ocupar o demonizado papel de maestro do chamado mensalão. Respondendo por formação de quadrilha e corrupção ativa – com uma pena possível de até 12 anos de prisão e 15 de inelegibilidade -, Delúbio assumiu no início de junho sozinho a responsabilidade pela distribuição ilegal de recursos a políticos e partidos da base aliada entre 2002 e 2004. O movimento reforça a existência do caixa dois e pode, se a tese for aceita pelo STF, evitar um julgamento dos acusados por crimes de corrupção ativa ou formação de quadrilha, notadamente o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino. Eles seriam julgados por crime eleitoral, que já teriam prescrevido.

O ex-tesoureiro integrava, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o “núcleo central” do esquema, ao lado de Dirceu, Genoino e do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira. E, como o responsável pelo caixa da campanha, fazia a ponte de financiadores com políticos. Entre os financiadores de maior destaque aparece o publicitário Marcos Valério, fiador de empréstimos ao partido no Banco Rural e no BMG dando como garantia suas agências. Centro do “valerioduto”, o empresário teria sido favorecido com contratos em órgãos públicos para atuar como facilitador de verbas ao PT.

Os principais personagens do ‘mensalão’:

Valério, segundo o relator do caso no STF, Joaquim Barbosa, atuava no suposto esquema de lavagem com dinheiro de recursos públicos. Os valores eram supostamente obtidos de forma irregular pelas agências DNA Propaganda e SMP&B em contratos com a Câmara dos Deputados e o Banco do Brasil. Depois, seriam “esquentados” com empréstimos para dar uma “aparência de meros empréstimos bancários” realizados pelo PT e agências de propaganda, diz o documento.

Atualmente, Valério cobra do PT na Justiça do Distrito Federal mais de 100 milhões de reais por ter atuado como fiador da campanha. O PT diz não ter contratos com suas empresas e que Delúbio não possuía “poderes estatutários” para contrair empréstimos em nome do partido. O ex-tesoureiro alega, no entanto, ser inocente em um memorial enviado ao STF. Para ele, as acusações “não se sustentam” porque os repasses “tiveram como única finalidade o pagamento de despesas decorrentes de campanhas eleitorais”.

Formado em Matemática, Delúbio iniciou a atuação política nos anos 70 com o Movimento da Anistia em Goiânia (GO). Neste mesmo período, chegou a dar aulas em colégios públicos de Goiás e a participar da coordenação de movimentos de greve pela valorização dos professores. Como sindicalista, ajudou a fundar o PT, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) – onde foi Secretário de Política Sindical e Secretário de Finanças – e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás. No PT, foi Secretário Sindical e Secretário Nacional de Finanças e Planejamento.

Retornou ao partido em abril de 2011, com a aprovação de Lula e do diretório nacional. Ele já havia tentado voltar à legenda em 2009, mas seus planos foram soterrados para não lançar o “mensalão” na campanha da então pré-candidata à presidência Dilma Rousseff. Atualmente, Delúbio, que desde 2006 atua como consultor econômico e sindical, não possui cargo nos quadros do PT.

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