Política
PEC que turbina programas sociais é ‘sinuca de bico’ para a oposição e terá impacto eleitoral, diz deputado
‘Boca de urna deslavada’, declarou Chico D’Angelo (PDT-RJ), em entrevista a CartaCapital


O deputado federal Chico D’Angelo (PDT-RJ) disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve apresentar impactos nas intenções de voto após a aprovação da proposta que turbina programas sociais com uma verba estimada em 41 bilhões de reais. A avaliação ocorre num momento em que a Câmara dos Deputados está prestes a analisar o tema, após uma votação favorável quase unânime no Senado.
“Essa PEC é uma sinuca de bico que o governo Bolsonaro colocou para a oposição”, afirmou o parlamentar, em entrevista nesta sexta-feira 1, ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube.
Para D’Angelo, a chamada “PEC dos Combustíveis” é uma “boca de urna” para o governo, por conta da proximidade com a disputa eleitoral. Por um lado, a oposição se vê em um cenário difícil para votar contra propostas que aumentem benefícios sociais, mas, por outro, votos favoráveis devem auxiliar o governo a fazer “uso eleitoral” da ampliação dos programas.
“Se vota contra, ele vai dizer que apresentou uma proposta para beneficiar a população mais pobre, e a oposição que não está permitindo isso”, analisa. “Isso é uma boca de urna deslavada do governo Bolsonaro. Durante três anos e meio, não tem um gesto para a população mais pobre.”
O deputado disse que a medida deve causar impactos nas intenções de voto para Bolsonaro, por mais que se diga na campanha de que a PEC se trata de “oportunismo”.
“Ouvi algumas opiniões de parlamentares da oposição com a avaliação de que isso não terá impacto. Eu discordo. Acho que essa PEC terá sim um impacto eleitoral, porque as pessoas precisam comer, as pessoas precisam viver”, declarou. “a população mais humilde que se sentir beneficiada nesses três meses, o governo vai fazer uso eleitoral. É um vale tudo mesmo.”
A chamada “PEC dos Combustíveis” foi aprovada na quinta-feira 30 no Senado, com votos de toda a oposição. A Câmara deve analisar o projeto na semana que vem. Segundo D’Angelo, a bancada do PDT ainda deve se reunir para determinar se o voto dos deputados será favorável à PEC, mas que “o cenário é de complexidade” para votar contra.
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