Política

PDT suspende Tabata Amaral e mais sete deputados favoráveis à reforma

Parlamentares da legenda que votaram pela reforma da Previdência estão proibidos de representar o partido em atividades

Foto: Will Shutter/Agência Câmara
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O PDT suspendeu temporariamente, nesta quarta-feira 17, os oito parlamentares que votaram a favor da reforma da Previdência em 10 de julho. Os deputados são Tabata Amaral (SP), Alex Santana (BA), Flávio Nogueira (PI), Gil Cutrim (MA), Jesus Sérgio (AC), Marlon Santos (RS), Silvia Cristina (RO) e Subtenente Gonzaga (MG).

A suspensão faz parte de um processo que o partido resolveu abrir para decidir a punição aos parlamentares dissidentes. Na prática, os pedetistas suspensos não poderão representar o partido nas direções estaduais e nacional, no Congresso, e também não poderão usar a legenda do PDT.

O processo deve durar de 45 a 60 dias. Uma das possibilidades é de que os deputados sejam expulsos, mas eles também podem sofrer sanções alternativas ou apenas uma advertência. O presidente do partido, Carlos Lupi, fez críticas em sua rede social aos parlamentares que votaram a favor das mudanças no sistema de aposentadoria. “Votar a favor da reforma da Previdência é mais grave ainda que ter apoiado o golpe contra Dilma. Imoralidade sem tamanho”, atacou, em sua conta no Twitter.


O PDT havia fechado questão contra a reforma, ou seja, anunciado votação unânime dos parlamentares para rejeitar a proposta. Em entrevista cedida ao jornal O Estado de S. Paulo, na segunda-feira 15, o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes afirmou que os deputados dissidentes tiveram a oportunidade de se opor à decisão de fechar questão, mas não se pronunciaram na ocasião.

“Em março deste ano, quando nós vimos o rumo que o governo Bolsonaro estava tomando, o fundo do poço, trouxemos toda a estrutura do partido no órgão máximo, a convenção nacional, e pusemos em debate que a reforma não resolve o problema e é injusta. Perguntamos: alguém tem alguma coisa contra? Nenhum dos deputados federais manifestou nada contra”, declarou. “O pior: até a antevéspera da votação, ela disse a mim que votava contra a proposta porque o PDT tinha uma proposta mais justa.”

Tabata Amaral foi a autora mais polêmica do voto favorável à reforma. A deputada foi se explicar na internet, em um vídeo: “Meu voto pela reforma da Previdência é por consciência, não é vendido”, disse. “Ao tomar essa decisão, eu olho para o futuro do País e não para o próximo processo eleitoral. Ser de esquerda não pode significar que vamos ser contra um projeto que, de fato, pode transformar o Brasil mais inclusivo e mais desenvolvido.”

Em seu site, ela também alegou que os trabalhadores mais pobres “não serão muito afetados pela reforma”. “Os trabalhadores pobres, especialmente os que ganham até 1 salário mínimo, não serão muito afetados pela reforma e continuarão se aposentando por idade, como já ocorre hoje, com 100% do seus rendimentos e elegíveis para receber o Benefício de Prestação Continuada”. Também diz “não ser correto” afirmar que a economia prevista com a reforma recaia sobre trabalhadores de até 2 salários mínimos.

A decisão rendeu à Tabata uma chuva de críticas de internautas e a perda de milhares de seguidores em sua conta no Instagram. Em uma semana, foram mais de 30 mil seguidores perdidos: de 657 mil, em 10 de julho, o número caiu para 624 mil sete dias depois.

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