Política
PDT deixa base do governo Lula e prega ‘independência’ na Câmara
O partido não integrará a oposição. O movimento ocorre depois da saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência


A bancada do PDT na Câmara decidiu, nesta terça-feira 6, que não fará mais parte da base do governo Lula. O movimento surge dias após Carlos Lupi, presidente licenciado da legenda, deixar o Ministério da Previdência em meio às revelações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União sobre fraudes no INSS.
A investigação da PF e da CGU apura um esquema de descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas. O valor total dos descontos desde 2019 pode chegar a 6,3 bilhões de reais, embora ainda não se saiba qual é a fatia correspondente às fraudes.
A CartaCapital, a liderança do partido informou que não passará a integrar a oposição, muito menos se aliará aos bolsonaristas. A sigla, no entanto, pregará “independência” na Câmara dos Deputados e poderá votar contra o governo em pautas importantes.
Segundo integrantes da bancada, o principal motivo para a debandada é o desejo de ver o partido se descolar do petismo às vésperas das eleições de 2026. Também afirmaram que o tratamento dado à sigla diante da farra no INSS foi desproporcional à colaboração que o PDT ofereceu ao governo.
O desembarque acontece mesmo com a nomeação de Wolney Queiroz (PDT) como novo ministro da Previdência.
Carlos Lupi esteve presente na reunião que oficializou a saída da base. Aos aliados, defendeu-se das acusações de que teria sido leniente com as fraudes em contratos com associações no INSS e disse que sua gestão agiu para desmascarar os verdadeiros responsáveis.
O PDT conta atualmente com 17 deputados federais e integra a base de Lula desde 2023. O partido teve Ciro Gomes como candidato à Presidência da República em 2022.
Já no Senado, a bancada – composta por três senadores – decidiu ficar na base do governo. O anúncio partiu do líder pedetista na Casa Alta, Weverton Rocha (MA). Além dele, a legenda conta com Ana Paula Lobato (MA) e Leila Barros (DF).
Segundo Weverton, a decisão resulta da “afinidade” com o governo em projetos de desenvolvimento para o Brasil e na maioria das pautas do Senado.
“A bancada do Senado respeita a posição da bancada na Câmara dos Deputados e, embora tenha um posicionamento diferente, reitera que o partido segue unido em defesa dos ideais trabalhistas”, disse Weverton, em nota.
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