Política

Partidos do Centrão avançam nas capitais; PSL perde espaço

Dez legendas do grupo fizeram ao menos 887 prefeituras, de acordo com os resultados divulgados pelo TSE

PSL, de Joice, minguou. Foto: Reprodução redes sociais PSL, de Joice, minguou. Foto: Reprodução redes sociais
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O Centrão teve um bom desempenho nas urnas ontem. Líderes do grupo que dá as cartas no Congresso conseguiram eleger afilhados e avançar para o segundo turno em cidades importantes no País. As dez legendas do bloco (Progressistas, PSD, PL, PTB, Republicanos, PSC, Solidariedade, Avante, Patriota e Pros) fizeram ao menos 887 prefeituras, de acordo com os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a 1h de hoje.

O desempenho do Centrão, grupo liderado pelo deputado Arthur Lira (AL), contrasta com a atuação do PSL, que até o ano passado era o partido de Bolsonaro. O PSL minguou. O Centrão raiz, porém deve aumentar seu capital político nas negociações do Congresso nos próximos dois anos.

O Progressistas, partido de Lira, avançou em cidades do Norte e Nordeste, onde Bolsonaro tenta aumentar sua popularidade. Cícero Lucena (PP-PB) foi para o segundo turno de João Pessoa, capital da Paraíba. Apadrinhada pela deputada Jaqueline Cassol (Progressistas-RO), Cristiane Lopes conseguiu ir para a segunda rodada em Porto Velho, capital de Rondônia.

O crescimento da sigla comandada pelo senador Ciro Nogueira (PI) nessas regiões pode ter um peso importante nos próximos passos de Jair Bolsonaro. Sem filiação desde o ano passado, o presidente é assediado pelo partido, pelo PTB de Roberto Jefferson e por uma ala do PSL, que quer o seu retorno.

Ainda nas capitais, o PSD conseguiu reeleger, neste primeiro turno, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Alexandre Kalil. Em Campo Grande (MS), Marquinhos Trad também foi reconduzido à prefeitura. Comandado por Gilberto Kassab e com Fábio Faria ocupando o Ministério das Comunicações, o PSD também foi para o segundo turno em Goiânia (GO), com Vanderlan Cardoso.

Com o apoio de Bolsonaro, o Pros conseguiu levar Capitão Wagner para a segunda rodada em Fortaleza (CE). O partido ocupa cadeiras da vice-liderança do governo Bolsonaro no Congresso.

O Republicanos avançou com Marcelo Crivella, que conquistou o segundo turno no Rio, com o apoio de Bolsonaro. O vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, filhos do presidente, também estão na legenda.

Na lista dos partidos da base do governo, o Avante levou o ex-governador do Amazonas Davi Almeida para o segundo turno em Manaus, com aval do atual governador, Wilson Lima (PSC). O Patriota, por sua vez, passou para a segunda etapa da disputa em Belém (PA) com Delegado Eguchi.

Deputados. Dos 68 deputados concorrendo às prefeituras neste ano poucos tiveram êxito. Oito vão seguir na corrida no segundo turno. O único eleito foi o deputado Juninho do Pneu (DEM-RJ), vice-prefeito na chapa de Rogério Lisboa (PP-RJ), em Nova Iguaçu (RJ).

No Recife, os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) vão rivalizar o segundo turno na capital de Pernambuco. O deputado Edmilson Rodrigo (PSOL) está no segundo turno em Belém (PA). Em Boa Vista (RR), Ottaci Nascimento (Solidariedade) também segue na disputa no segundo turno.

Ainda nas capitais, foram para o segundo turno os deputados federais JHC (PSB), em Maceió (AL), e Eduardo Braide (Podemos), em São Luís (MA). Darci de Matos (PSD-SC) foi para o segundo turno em Joinville e Margarida Salomão (PT-MG), em Juiz de Fora.

PSL perde espaço

A onda “bolsonarista” que marcou a eleição de 2018 não se repetiu nas disputas municipais deste ano. Após eleger o presidente da República, três governadores, quatro senadores, 52 deputados federais e 76 estaduais há dois anos, o PSL naufragou nas principais cidades do País. O presidente deixou a sigla no ano passado, mas discute um retorno para disputar a reeleição em 2022.

O partido dono da segunda maior fatia do fundo eleitoral – dinheiro público usado para financiar campanhas -, com 199,4 milhões de reais, não conseguiu levar seus candidatos ao segundo turno nas 14 capitais que disputou e, de acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a 1h, havia conquistado apenas 53 prefeituras, número bem abaixo de siglas como MDB (448), Progressistas (415), PSD (449) e DEM (309).

O “fiasco” do PSL ficou evidenciado nos dois maiores colégios eleitorais do País. Antes tratada como candidatura prioritária da sigla, a deputada Joice Hasselmann amargou um sétimo lugar na corrida eleitoral de São Paulo, com menos de 2% dos votos. No Rio, o deputado Luiz Lima também teve desempenho fraco, com 6% dos votos e a quinta colocação.

“O futuro do PSL para 2022 depende do retorno do (presidente Jair) Bolsonaro ao partido. Nesta eleição, em 2020, o PSL mostrou que naufraga sem o Bolsonaro. O PSL tem fundo eleitoral de partido grande, e desempenho eleitoral de partido nanico”, afirmou Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor de Ciência Política da FGV São Paulo.

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