Política

Paridade de gênero nas prefeituras pode demorar até 144 anos no Brasil, revela estudo

Embora mulheres representem 51,1% da população brasileira, homens ainda comandam 88% das cidades no País

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A igualdade de gênero nas prefeituras do Brasil pode demorar mais de um século para se concretizar. O cálculo aparece no relatório “Desigualdade de Gênero e Raça na Política Brasileira, feito pelo Instituto Alziras em parceria com a Oxfam Brasil, divulgado nesta segunda-feira 25.

De acordo com o levantamento, mulheres eleitas assumiram o comando de 12,1% dos municípios do País em 2020. No ritmo atual, a paridade de gênero entre prefeitos demorará 144 anos para acontecer.

Embora formem a maioria da população brasileira, entre 2016 e 2020 as mulheres representaram apenas 13,5% das candidaturas para a prefeitura, ou seja, havia nove candidatos homens para cada candidata na disputa.

O recorte é ainda menor ao avaliar as candidaturas de mulheres negras: em 2020, havia 11 brancos, 6 negros e 2 brancas para cada mulher negra no páreo, o que equivale a 4,8% do total.

A pesquisa também aponta que mais da metade das cidades não contou com a presença de mulheres na última eleição para prefeitos. Dos 5.570 municípios, 64% não tiveram candidatas concorrendo ao poder executivo em 2020.

Em 2016, Roraima liderou o ranking de candidatas ao cargo de prefeita, com participação em 80% dos pleitos disputados. Em 2020, o Rio de Janeiro passou a ocupar a primeira posição do ranking com com 60% de participação feminina.

Na disputa pelo Legislativo em 2020, a Lei de Cotas e a mudança na regra de financiamento de campanhas forçaram um cenário de maior representatividade ao determinar que os partidos preenchessem ao menos 30% de suas vagas com mulheres e recebessem no mínimo 30% dos recursos públicos para campanha. Naquele ano, as Câmaras municipais registraram 35% de candidaturas femininas para o cargo de vereadora.

PARIDADE DE RAÇA

Ao analisar a igualdade entre candidatos negros e brancos, o estudo aponta um avanço maior na busca pela paridade. Em 2020, pela primeira vez, as candidaturas negras foram a maioria para a as Câmaras municipais, representando 51,5 dos candidatos e 45,1% dos eleitos. Se mantido o ritmo atual, em 20 anos o Brasil alcançará a paridade racial.

REPRESENTATIVIDADE INDÍGENA

A população indígena é outro grupo que também enfrenta uma forte sub-representação no poder executivo municipal. Apesar das candidaturas indígenas terem crescido 32% entre 2016 e 2020, em números absolutos isso representou um salto de 28 para 37 candidaturas.

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