Política

Parecer de Derrite no PL Antifacção abre margem para ‘inaceitável interferência’, diz Receita Federal

O principal incômodo é com o trecho que prevê que autoridades federais só poderiam investigar organizações criminosas com o aval de um governador

Parecer de Derrite no PL Antifacção abre margem para ‘inaceitável interferência’, diz Receita Federal
Parecer de Derrite no PL Antifacção abre margem para ‘inaceitável interferência’, diz Receita Federal
O deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP). Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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Após a Polícia Federal indicar que acompanha com preocupação as alterações promovidas pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) na proposta conhecida como PL Antifacção, a Receita Federal afirmou nesta segunda-feira 10 que as alterações no projeto abrem margem para “inaceitável interferência e enfraquecimento da autoridade federal”.

O principal incômodo, tanto da PF quanto da Receita Federal, é com o trecho segundo o qual as autoridades federais só poderiam investigar organizações criminosas, milícias e paramilitares enquadradas como terroristas se houvesse pedido de um governador.

“As operações recentes contra organizações criminosas, em especial aquelas que focam o andar de cima do crime, com evidente repercussão nacional a demandar repressão uniforme no território nacional, não podem ser condicionadas à autorização local”, disse a Receita.

O órgão ainda afirmou que a população brasileira espera que todos os órgãos de Estado atuem em cooperação e integração, sem subordinação ou interferência indevida. “Sob pena de se colocar em risco os ganhos recentes no combate a organizações criminosas”, completou.

No substitutivo apresentado na última sexta-feira, Derrite modificou a proposta apresentada originalmente pelo governo Lula (PT). A decisão provocou revolta entre governistas, que pressiona para a derrubada das mudanças.

A avalanche de críticas o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reunir, no início da noite desta segunda-feira, com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Após o encontro, o paraibano comunicou nas redes sociais que o novo parecer de Derrite garantirá que a corporação mantenha “suas atribuições nas investigações contra o crime organizado”.

Em entrevista a CartaCapital, o secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, afirmou se tratar de um dispositivo gravíssimo. “O resultado seria um tumulto gigantesco. Isso é um presente gigantesco para qualquer líder de facção criminosa.”

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