Política
Paraná: Deputado defende a ditadura e diz que ‘só foi torturado quem mereceu’
Ricardo Arruda alegou que ‘nunca houve ditadura em nosso País’; Tadeu Veneri (PT) reagiu: ‘É uma vergonha o que o senhor fala’


O deputado estadual Ricardo Arruda (União Brasil) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná nesta segunda-feira 25 para defender o golpe de 1964 e a ditadura militar no Brasil.
Arruda é apoiador do presidente Jair Bolsonaro, que também não hesita em falsear a História e endossar a ditadura.
“Nunca houve ditadura em nosso País. Quem inventou isso aí foi a esquerda. Ditadura houve em Cuba, Venezuela e ocorre até hoje, que ganharam o governo na bala, matando quem era contra”, discursou Arruda, que classificou o golpe como “um pedido do povo”.
Segundo o deputado, “quem mereceu ser torturado” eram “guerrilheiros, terroristas que explodiam banco, saqueavam, roubavam – esses mereciam, sim, e acho que foi pouco ainda”.
O deputado Tadeu Veneri (PT) reagiu às declarações de Arruda.
“É uma vergonha o que o senhor fala naquela tribuna. É uma vergonha, porque o senhor nunca teve coragem de enfrentar a ditadura”, devolveu o petista. “Eu acho que a tribuna tem limites, a tribuna não permite tudo […] A tortura é o que tem de pior, mais abjeto no ser humano. A tortura é prender uma pessoa sem provas, levá-la ao cativeiro, espancá-la, dar choque na uretra, choque no ânus, choque nos lábios […] A tortura fez com que muitos delatassem pessoas que sequer conheciam.”
Na sequência, Arruda iniciou uma tréplica, mas foi interrompido pelo presidente da Alep, o deputado Ademar Traiano (PSDB). “Vossa excelência está entrando em uma seara de uma discussão. Vossa excelência já usou a tribuna, com o devido respeito […] Não vamos polemizar, o senhor já usou por 10 minutos a tribuna. Não procede a questão de ordem.”
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