Política

Para The Economist, Bolsonaro seria um presidente “desastroso”

Em reportagem de capa, publicação britânica classifica o candidato do PSL como a “mais recente ameaça da América Latina”

'A última ameaça da América Latina', afirma The Economist com Bolsonaro na capa
Apoie Siga-nos no

O Brasil está na capa da revista britânica The Economist desta semana. Com o título “Jair Bolsonaro, a mais recente ameaça da América Latina”, a publicação – considerada uma das mais respeitadas em todo o mundo, especialmente quando o assunto é liberalismo econômico – afirma que o candidato do PSL seria um “presidente desastroso”.

A reportagem diz que Bolsonaro é o último de um grupo de populistas, que inclui de Donald Trump nos Estados Unidos, a Rodrigo Duterte nas Filipinas e uma coalizão de esquerda e direita com Matteo Salvini na Itália. Bolsonaro seria uma adição particularmente desagradável ao clube. Se ele vencesse, poderia colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina”, afirma o texto.

Para a revista, as eleições de outubro dão ao Brasil a chance de começar de novo. No entanto, se, como parece possível, a vitória for para Jair Bolsonaro, um populista de direita, o País corre o risco de piorar tudo.Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, promete a salvação, mas na verdade ele é uma ameaça para o Brasil e para a América Latina”, resume o texto.

Leia também: ‘Eleitor típico de Bolsonaro é homem branco, de classe média e superior completo’

A ameaça, de acordo com a revista, inclui um certo fascínio de Bolsonaro pela ditadura militar brasileira e o autoritarismo. “Bolsonaro tem uma admiração preocupante pela ditadura. Ele dedicou seu voto para destituir Dilma Rousseff ao comandante de uma unidade responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos sob o regime militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985. O companheiro de chapa de Bolsonaro é Hamilton Mourão, um general da reserva. No ano passado, enquanto estava de uniforme, pensou que o exército poderia intervir para resolver os problemas do Brasil. A resposta de Bolsonaro ao crime é, na verdade, matar mais criminosos – embora, em 2016, a polícia tenha matado mais de 4 mil pessoas”, afirma a publicação.

A reportagem fala, ainda, do passado ditatorial da América Latina, quando países da região misturaram políticas autoritárias e economia liberal. Augusto Pinochet, como lembra a publicação, um governante brutal do Chile entre 1973 e 1990, foi aconselhado pelo livre mercado “Chicago Boys”.Eles ajudaram a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile, mas a um custo humano e social terrível.”

Leia também:
Após fala de Mourão, Sheherazade adere à campanha contra Bolsonaro
Como Dom Pedro I, Mourão quer Constituição “digna dele próprio”

A reportagem segue afirmando que os brasileiros guardam certa resignação quanto à corrupção, resumida na frase “rouba, mas faz”.Eles (os brasileiros) não deveriam se apaixonar por Bolsonaro – cuja frase poderia ser “eles torturaram, mas agiram”. A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis. Para provas recentes, olhe apenas para os desastres na Venezuela e na Nicarágua”, afirma o texto.

A reportagem, que começa mencionando o ditado “Deus é brasileiro”, mas sugerindo que talvez ele esteja de férias, conclui dizendo que algum progresso foi feito no Brasil nos últimos anos – como a proibição de doações corporativas a partidos.Muito mais reformas são necessárias, mas Bolsonaro seria um presidente desastroso.”

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.