Política
Para falar obrigado é preciso ter grandeza e caráter, diz Lula sobre críticas de Zema
O embate entre o governo federal e Zema envolve a sanção com vetos de ao programa que renegocia as dívidas com a União


O presidente Lula (PT) criticou, nesta quarta-feira 22, o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) por seus comentários sobre a nova lei de renegociação de dívidas dos Estados com a União. Lula comentou a ausência do governador durante o evento de assinatura do contrato de concessão da BR-381/MG, que beneficia municípios mineiros, e citou a falta de diálogo com o gestor.
“A palavra obrigado é tão simples, mas para falar tem que ter grandeza. As pessoas têm que ter grandeza, caráter e humildade para agradecer uma coisa que é feita”, disse.
Lula afirmou ainda que mereceria de Zema “um prêmio” pelo acordo das dívidas, já que Minas Gerais é um dos estados mais beneficiados com a renegociação. A dívida mineira, que estava em 119 bilhões de reais em 2018, chegou a 185 bilhões de reais no ano passado.
“O que nós fizemos para os estados que não pagavam as dívidas talvez só Jesus Cristo fizesse se ele concorresse à presidência desse País. A primeira coisa que fiz quando ganhei as eleições foi chamar os 27 governadores para dizer o seguinte: quais as obras importantes que vocês têm?”, declarou. “Pelo menos isso [obras do PAC] deveria agradecer. Pelo menos isso. Mas ele [Zema] fez uma crítica desnecessária”, completou.
Além de Lula, a ausência de Zema foi alvo de comentários dos ministros dos Transportes, Renan Filho, e da Casa Civil, Rui Costa. O governador não foi, segundo sua assessoria, pois estava em uma agenda na cidade de Juiz de Fora.
Em resposta às falas, Zema ironizou as críticas e disse que que seu foco é “trabalhar” e não “perder tempo com eventos burocráticos”.
“Presidente Lula, o PT prometeu essa mesma obra nos 188 meses de governo, mas não entregou. Por isso, quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381 eu estarei à disposição”, afirmou na rede social X.
O embate entre o governo federal e Zema envolve a sanção com vetos de ao programa que renegocia as dívidas. Zema acusa o governo de ter “mutilado” a iniciativa, e diz que o governo Lula quer impor que os estados “paguem a conta de sua gastança”.
O Propag estabelece que as dívidas devem ser pagas em até 30 anos. A partir dele, os valores das dívidas serão corrigidos por duas variáveis somadas: a inflação e uma taxa que pode variar entre 2% e 4%. O programa substitui a regra anterior, que estabelecia que os valores deveriam ser corrigidos por uma taxa de 4% mais a inflação ou a taxa Selic.
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