Política

Para corrente do PSDB, impeachment de Dilma ‘não deveria ter ocorrido’

Fernando Guimarães, da Esquerda Pra Valer, refaz o histórico da ala progressista da legenda e faz críticas a Doria

Guimarães (à direita) conversa com Alckmin, candidato da Esquerda Para Valer para 2018
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Com origens que remontam aos anos 1990, a corrente PSDB Esquerda Pra Valer tem chamado atenção recentemente pela defesa de uma reaproximação dos tucanos com seu passado social-democrata. Entusiasta da candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, o grupo busca fazer um contraponto à consolidação de quadros cada vez mais conservadores e comprometidos com o neoliberalismo na legenda, a exemplo do prefeito de São Paulo, João Doria.

Disposta a fazer uma autocrítica das posições assumidas por integrantes do PSDB nos últimos anos, a Esquerda Para Valer não foge ao debate de temas polêmicos, entre eles o impeachment de Dilma Rousseff, apoiado em peso pela legenda no ano passado. 

Fernando Guimarães, líder da corrente tucana, nega que o afastamento de Dilma tenha sido um golpe, mas critica o argumento das pedaladas fiscais para depô-la. “Um julgamento não pode ser apenas político, ele é jurídico e político. Mas o aspecto político tem de ter um critério, não dá para haver um critério que só sirva para Dilma”, afirma Guimarães, antes de concluir. “ A posição do PSDB Esquerda Pra Valer é de que não deveria ter ocorrido o impeachment.”

Na entrevista a seguir, Guimarães refaz o histórico da corrente, analisa as aproximações e distanciamentos entre PSDB e PT ao longo das últimas décadas e faz críticas a Doria, concorrente interno de Alckmin à Presidência em 2018. “O que Doria faz é privatizar ou terceirizar tudo. Então é diferente da social-democracia.”

CartaCapital: Do que se trata o movimento Esquerda Pra Valer?
Fernando Guimarães: O movimento começa em 2004, mas como continuidade de uma outra tendência. Em 1993, ocorreu o segundo congresso nacional do PSDB, aqui em São Paulo.  Na época, se discutiu a possibilidade de uma aliança com o PSL. Nos adesivos da corrente, na camiseta, nas faixas, todo o material vinha escrito com o movimento 25 de junho, que é a data de fundação do partido e também a data do manifesto de fundação, seguido do termo “Esquerda Pra Valer”. Fazíamos portanto referência a uma defesa do nosso programa, do manifesto de fundação do partido, que é um manifesto de esquerda. Esse movimento teve um papel muito importante porque, de 1993 até 2003, ele representou a juventude do PSDB.

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Ele se encerra mais ou menos por volta de 2003 por causa de muitas mudanças no partido. E nós, as lideranças que ficamos, decidimos dar continuidade com o movimento a partir de 2004 com o nome Esquerda Pra Valer. O movimento 25 de junho ficava sempre do lado esquerdo nos congressos do partido. Então a gente está dando continuidade. Vai agregando novas lideranças, dirigentes, parlamentares, militantes.

CC: Quem participa da corrente?
FG: Temos 160 lideranças que estão presentes em 14 estados e participam de encontros, onde elaboramos nossos principais documentos, como a atualização do manifesto, as capas anuais e atualização do caderno de teses. Em 2007, por exemplo, levamos 45 teses pro Congresso Estadual do PSDB em São Paulo e aprovamos 42.

Em 2007, fizemos um curso de formação, um dos mais importantes que o partido já teve, para cerca de 300 militantes. O encontrou contou com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e dos governadores Geraldo Alckmin e José Serra, além de diversos ministros, ex-ministros de FHC, secretários do Franco Montoro, do Mário Covas, do Alckmin, professores universitários.

Em 2013, no último congresso estadual do PSDB, aprovamos uma boa parte das nossas teses, inclusive a defesa do financiamento público de campanha. O modelo de financiamento foi aprovado no Congresso Estadual do PSDB em 2013. É, portanto, uma tese oficial do partido aqui em São Paulo. Isso tudo por conta do movimento. Citei isso como um exemplo que demonstra um pouco a organização da corrente principalmente nesses momentos de debate mais doutrinário do partido.

CC: Vocês se declaram de esquerda. Atualmente, o PSDB é visto no senso comum como um partido de direita ou de centro-direita. Quais teses vocês já aprovaram nos Congressos Nacionais que contradizem essa visão?
FG: É um senso comum completamente equivocado. O PSDB, antes de mais nada, é um partido social-democrata, uma doutrina de esquerda. Na formação do partido, previu-se a participação de filiados de quatro doutrinas ideológicas: o socialismo democrático, de esquerda; a social democracia, de esquerda; a democracia cristã, que no mundo é entendida como uma doutrina de centro, mas na América Latina, especialmente na visão da contribuição dela através de Franco Montoro, é uma visão de centro-esquerda; e por último, prevê o liberalismo progressista, que não é de esquerda mas sempre foi uma tese historicamente minoritária no PSDB, uma tese em torno do centro ou algo parecido.

O liberalismo é a única das quatro doutrinas para a qual o PSDB Esquerda Pra Valer não abre suas portas. É um movimento que trabalha com o socialismo democrático, a social democracia e a democracia cristã.

O PSDB foi filiado como observador da Internacional Socialista. Deixamos a Internacional Socialista porque o Lula atuou para que o PSDB fosse excluído. Na época, o então presidente do partido, José Aníbal, escreveu uma carta criticando a posição da Internacional por ter se curvado a Lula para retirar o PSDB como observador.

Os principais estudos acadêmicos sempre apontam o PSDB como se fosse da esquerda. E a reforma agrária feita no governo de Fernando Henrique não deixa sombra de dúvidas de que é um partido de centro-esquerda. Porque foi a maior reforma agrária da história de um país democrático, a maior reforma agrária do ocidente.

‘Enquanto o Mário Covas era vivo, era impensável alguém defender redução da maioridade penal no PSDB” (Foto: José Serra / Flicker)

Então não tem cabimento. Na verdade o que ocorre é que o PT e o PSDB sempre ocuparam o mesmo campo da social-democracia.  Como em 1994 nós ganhamos a eleição e fomos para o governo, o PT tentou no discurso empurrar o PSDB mais pra direita. Mas, se analisarmos os programas de ambos os partidos, veremos que são muito semelhantes, porque estão alinhados pela social-democracia. Assim como PPS, o PSD.

CC: O senhor afirmou que o PT, após ter perdido as eleições de 1994, tentou empurrar o PSDB mais para a direita, mas qual a responsabilidade das opções políticas do partido sobre essa imagem?
FG: Temos de analisar cada momento. Quando o PSDB e o PT, em 1993, sentaram juntos para construir uma candidatura comum, a ideia era a de que quem tivesse o candidato mais bem colocado seria o presidente e o outro partido contribuiria com o vice. Só que na época o Lula chegava a ter 54% nas pesquisas. O nosso candidato, o Tarso Jereissati, se eu me lembro bem tinha 6%. Quando veio o Plano Real, e a candidatura do Fernando Henrique, o PT se opôs ao plano real justamente para que o FHC não se tornasse um nome viável. O PSDB teve que abraçar o PSL, não porque entendesse ser uma aliança coerente. 

“O PT tentou no discurso empurrar o PSDB mais para a direita”

O governo do Fernando Henrique foi de centro-esquerda. Houve uma revolução da educação, na universalização do ensino, uma pauta muito progressista na área dos direitos humanos, reforma agrária, como eu citei. Eu me lembro de uma declaração do próprio Fidel Castro citando a reforma agrária do governo do FHC como histórica. Quando o Lula apresenta a “Carta aos Brasileiros” na eleição de 2002, ele busca uma aliança com a direita. É ele que coloca a continuidade da política econômica do governo do Fernando Henrique, quando o PSDB queria fazer uma política mais desenvolvimentista.

Só que o PT passou oito anos marcando o terreno apontado o PSDB para a direita. E depois eles passaram a assumir posições conservadoras. No governo do Lula, os banqueiros lucraram como nunca. A Dilma jogou a reforma agrária a um terço talvez do que o Lula fez, que já foi menor na comparação com FHC. Ambos os governos tiveram uma linha que precisa ser definida no campo da social democracia. Com seus erros e acertos de possibilidades daquilo que conseguiram organizar.

CC: Nas eleições presidenciais, uma das principais bandeiras de Aécio Neves era justamente a redução da maioridade penal. Como vocês se posicionam com relação a esse tema?
FG: Em 2014, o PSDB entrou em uma fase em que algumas pautas conservadoras ganham espaço dentro do partido. Nesses últimos anos, observamos a entrada de novos filiados que não são social democratas necessariamente, parlamentaristas, defensores de direitos humanos, mas são antipetistas.

Esses filiados conseguem ter acesso ao partido porque o processo de filiação ao PSDB se dá pela internet, não há um curso de apresentação do partido, não há uma necessidade de ter um tempo de militância prévia. Nesse momento, o partido tem uma preocupação mais quantitativa em relação ao número de filiados do que qualitativa. Isso também se reflete no parlamento. O PSDB abriu a porteira para alguns parlamentares que não tem um compromisso doutrinário com a social democracia, com nenhuma bandeira da legenda.

Temos a impressão que existem parlamentares do PSDB que nunca leram o programa. Quando o PSDB teve uma maioria parlamentar votando a favor da redução, o mesmo que tivemos com o Aécio durante a campanha, tivemos ali o sentimento de crise de identidade. Somos o partido do Mário Covas, que sempre se posicionou contra a redução da maioridade penal. Nós somos o partido que no governo do FHC teve no Ministério dos Direitos Humanos o Paulo Sérgio Pinheiro, o José Gregori. Nós somos o partido do Franco Montoro.

PSDB ‘O PT e o PSDB sempre ocuparam o mesmo campo da social-democracia’ (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

Enquanto o Mário Covas e o Montoro eram vivos, era impensável alguém defender uma coisa dessas, seria rechaçado. A militância até aquele momento tinha muita clareza do debate. O Setores conservadores que não conhecem a doutrina partidária e não se deram ao trabalho de ler o caderno de teses do partido ganharam fôlego. Vivemos um momento que muitas vezes há uma necessidade dos parlamentares requererem resultado eleitoral.

Quando há uma bancada sem identidade doutrinária, eles assumem condições que são mais cômodas de acordo com a sua base, e a gente sabe que, infelizmente, no meio dessa onda conservadora, fica muito mais fácil você ser favorável à política de encarceramento a apresentar um debate demonstrando como isso só agrava a situação.

CC: Em setembro de 2016, Fernando Henrique apelou para uma junção do PT e o PSDB contra essa onda conservadora. Essa aliança ainda é possível?
FG: Eu entendo que não se trata de aliança, mas de junção. O PT e o PSDB hoje tem um histórico que, apesar de terem agendas comuns, a forma deles lidarem com a relação entre estado e sociedade apresentam mecanismos distantes. O que é importante nesse momento é que haja um diálogo entre todas as forças compromissadas com campo democrático e dos direitos humanos e para que elas possam transmitir pra sociedade. Penso que o Brasil dispõe de grandes lideranças, como o Fernando Henrique, o José Serra, o Geraldo Alckmin, mas também Luiza Erundina, Fernando Gabeira, Cristovam Buarque, Roberto Freire, Eduardo Jorge e Eduardo Suplicy.

É possível construir uma agenda comum que primeiro impeça a possibilidade de um grande retrocesso representado pela candidatura do Bolsonaro. Em um eventual segundo turno, isso é algo que precisa estar construído. E segundo porque independente de qual seja o vitorioso em 2018, é preciso que a pauta comum de direitos humanos e democracia fique acima das questões partidárias, eleitorais ou dos projetos de poder. O que a gente não pode ter é o PT votando contra uma proposta que é do PSDB e o PSDB votando contra uma proposta porque é do PT.

CC: Porque muitos eleitores têm votado no PSDB baseados no antipetismo?
FG: O PSDB na eleição anterior teve algo em torno de 12% dos votos para o parlamento, para a Câmara dos Deputados. Entendo que essa parcela representa os eleitores de fato do PSDB, aqueles relacionados à história do partido, que acompanham esses parlamentares há muitos anos. É um eleitor do campo progressista, do campo democrático, de centro esquerda, com histórico de defender direitos humanos.

O restante, a diferença dos 12% e dos 48% alcançado pelo Aécio, é um voto que não necessariamente é do eleitor tradicional do PSDB. A política brasileira, pelo fato de ter tido 8 anos de governo tucanos e 13 anos de governo do PT, estabelece essa polarização. Como a direita no Brasil nunca conseguiu se estabelecer de fato e apresentar uma candidatura viável, muitas vezes ela se dispõe a ser governista.

Temos um PMDB que nunca deixou o governo e os demais partidos que estão no campo da direita sempre compuseram com os governos do PSDB e do PT. Se você recuperar entrevistas do Fernando Henrique, ele se apresentava como de esquerda. Tem uma entrevista do governador Geraldo Alckmin de 2006, quando ele foi candidato a presidente, onde ele dizia que ele estava à esquerda do Lula. O Serra sempre foi um político de esquerda, se você considerar sua história.

CC: E como vocês avaliam o prefeito João Doria na prefeitura de São Paulo? Vocês apoiaram a candidatura?
FG: Nas prévias partidárias o nosso candidato à prefeitura foi o Andrea Matarazzo, porque ele fazia parte do movimento 25 de junho e é um representante da história do PSDB e do legado da construção do partido. O Doria nunca representou a doutrina partidária. Ele não sabia nem onde ficava o diretório do partido, a primeira vez que pisou lá foi pra se apresentar como candidato. E todas as posições programáticas que ele colocou nunca foi no sentido de ouvir o que o PSDB tinha a propor para ele. Ele já tinha suas propostas.

Doria e Alckmin A corrente defende a candidatura de Alckmin e critica Doria (Foto: Ciete Silvério / A2img)

Concordamos que aquilo que não eram propostas comprometidas com os direitos humanos, com radicalização da democracia, com a social-democracia. Evidente que nas prévias a direção partidária não realizou sequer debates onde pudéssemos aprofundar essas distorções e vivências prévias. Ele se torna candidato do partido, aceitamos pela disciplina partidária mas sem nenhum entusiasmo, nenhuma motivação para construir a vitória dele. E hoje na prefeitura temos a impressão que estávamos certos. Cada medida do governo dele vemos o quão distanciado ele está das políticas que acreditamos.

“O Doria nunca representou a doutrina partidária. Ele não sabia nem onde ficava o diretório do partido”

CC: E porque você acha que não foi aprofundado o debate nas prévias eleitorais?
FG: Um pouco porque o PSDB precisa melhorar muito nessa cultura de produzir um debate doutrinário, de dar a devida importância a isso. Há uma carência dentro do PSDB de debater teses e é isso que essa lacuna que o PSDB Esquerda Pra Valer preenche ou busca preencher. Mas há uma enorme carência nisso.

E é lamentável que isso tenha ocorrido, porque se houvesse debate, teríamos a oportunidade de mostrar a diferença entre o que o Doria estava propondo e aquilo que a nossa doutrina partidária propõe. Por exemplo, o programa do PSDB diz que a privatização ou a estatização tem de ser analisada caso a caso, mas o documento se refere expressamente ao nosso programa a empresas estatais, não a serviços.

O que o Doria fez foi privatizar ou terceirizar tudo. Então é diferente da social-democracia. Não entendemos que estamos no início do século passado, onde ser de esquerda é estatizar. O mundo hoje é outro, mas estatizar ou privatizar, tem de ser uma decisão caso a caso, tem que ter um debate com a sociedade. Quando ele ganha a eleição se comprometendo a privatizar tudo, ele não está representando o PSDB. Doria alega, que pelo fato de ter tido 52%, ele está legitimado a fazer o que bem entende. Não é verdade.

CC: Uma parte da sociedade brasileira defende que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe. Como vocês se posicionam em relação ao afastamento da ex-presidenta?
FG: O Noam Chomsky, por exemplo, não diz que foi um golpe. Ele utiliza uma expressão que seria um golpe branco. Nós não diríamos que houve um golpe por acreditar que diversas lideranças históricas, comprometidas com a democracia, não só do meu partido mas de outros, como Roberto Freire, Cristovam Buarque, seriam golpistas. Isso seria um absurdo. A nossa divergência é o entendimento de que, primeiro, havia de se encontrar na proposta de quem apresentava o impeachment alguma irregularidade que tenha se realizado neste mandato.

E o que eles encontraram foram as pedaladas. Pedaladas que evidentemente a Dilma realizou num valor assombrosamente acima de outros governos, mas naquele momento em que se apresentou isso sequer havia sido alvo de uma análise do Tribunal de Contas da União. Eles não tinham nem se pronunciado sobre as contas do ano anterior. Não havia ainda uma posição quando aquilo foi colocado.

Se for se utilizar o critério de pedaladas, então que se fizesse disso uma regra para analisar caso a caso todos os governadores, todos os prefeitos do País inteiro. Agora no momento em que você utiliza esse critério apenas para a presidente Dilma, depois o Temer vem e ainda faz uma mudança para ele mesmo não ser alvo, fica evidente que teve um contorcionismo. Porque a lei do impeachment é tão ampla que é capaz de um presidente dizer um palavrão num programa de televisão e isso ser entendido como uma falta de decoro. Agora, um julgamento não pode ser apenas político, ele é jurídico e político. Mas o aspecto político tem de ter um critério, não dá para haver um critério que só sirva para Dilma.

CC: Mas então vocês não concordam com o impeachment, acham que ele não deveria ter acontecido?
FG: A posição do PSDB Esquerda Pra Valer é de que não deveria ter ocorrido o impeachment.

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