Política

Para Bolsonaro, é mais fácil fazer mudanças na PF do que “trocar de esposa”

A fala vem depois de desconfortos entre a PF e as interferências do presidente na corporação, que passam por cima da autoridade de Moro

Foto: Carolina Antunes/PR
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que é “mais difícil trocar de esposa” do que mudar a composição da Polícia Federal, em sua visão. A fala vem depois de um atrito gerado entre Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e as mudanças de cargos da Polícia Federal, que foram alvo de falas contraditórias do presidente tentando interferir no processo interno da corporação. A entrevista foi concedida na terça-feira 3.

Além da fala controversa, Bolsonaro afirmou que a “turma” que dirige a PF está no cargo há muito tempo e que, por isso, “tem que dar uma arejada”. No entanto, quem tradicionalmente nomeia cargos para a corporação é o ministro Sergio Moro, e não o presidente da República. Jair Bolsonaro, por outro lado, afirmou que já está “tudo acertado” com o ministro em relação ao assunto.

“Mais difícil é trocar de esposa. Eu tive uma conversa a dois com o Moro…[O diretor-geral] tem que ser Moro Futebol Clube, se não, troca. Ninguém gosta de demitir, mas é mais difícil trocar a esposa. Eu demiti o Santos Cruz, com quem tinha uma amizade de 40 anos”, disse, justificando-se.

Quem manda na PF?

Bolsonaro exonerou no dia 15 de julho o superintendente da PF do Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, antes dos representantes da PF se manifestarem sobre o caso. O desconforto gerado deu a entender que o presidente queria interferir em assuntos internos. Quando questionado sobre o caso, Bolsonaro afirmou que, se não pudesse trocar o superintendente, trocaria o diretor-geral.

No entanto, o nome de Maurício Valeixo, diretor da corporação, foi indicado pelo ministro Sergio Moro, que já declarou publicamente confiar inteiramente nele para o cargo. Com a crise gerada pela fala do presidente, a PF decidiu suspender temporariamente o nome de um substituto para a chefia no Rio de Janeiro.

Sergio Moro se esquivou de comentar o caso e reafirmou nas redes sociais a aparente boa relação com Bolsonaro. O episódio, no entanto, vem em seguida de derrotas para o ministro, como a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Economia  – e, depois, para o Banco Central -, a baixa aderência dos deputados aos pontos mais polêmicos do pacote anticrime e o avanço da lei contra o abuso de autoridade.

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