Gabriel Boric, o líder estudantil eleito presidente do Chile em 20 de dezembro, disse nos últimos dias que espera “trabalhar ao lado de Lula”. Duas semanas antes, Jair Bolsonaro havia comentado que não irá à posse do esquerdista, em março. Não irá, mas no apagar das luzes de 2021 criou o cargo de adido da Polícia Federal na embaixada brasileira em Santiago, a capital chilena. Designou para a função o delegado Lindinalvo Alexandrino de Almeida Filho, chefe da PF em São Paulo no início do governo e, ao que consta, próximo do clã presidencial.
A nova vaga de adido faz parte de um plano da PF de dobrar o número desses postos, de 15 para 30. O plano foi submetido no fim de 2021 ao Ministério das Relações Exteriores, para endosso do chanceler Carlos França (que, aliás, acaba de assinar com Bolsonaro e Paulo Guedes a criação de um escritório econômico em Washington). “Por que agora no último ano do governo? As justificativas para criar essas adidâncias estão presentes há muito tempo”, diz um diplomata que trabalhou ao lado de adido policial. Um delegado da PF não tem dúvidas sobre as motivações da própria corporação: “É um prêmio, um refúgio para quem serviu ao governo Bolsonaro. Logo após a eleição, vai todo mundo para adidância. Estão com medo do DG do Lula”.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login